quinta-feira, 22 de maio de 2008

A Lua dos Meus Sonhos - O Início antes do início


Tal como muitas demais histórias, esta começa com o fabrico dum precioso e raro objecto, o qual suscita a admiração de uns e a cobiça de outros.
Este tal artefacto, de grande valor, era denominado por Lua dos Sonhos. Enganam-se aqueles os que julgarem que este material fosse uma coisa bem rica, como um diamante ou uma jóia, feita a partir dos melhores joelheiros! Não...A Lua dos Sonhos era, de facto, uma pedra preciosa, mas não era uma pedra qualquer! Concebida com uma mistura de quartzo róseo e turquesa e âmbar, esta bela gema da forma duma esfera, do tamanho aproximadamente duma noz, que cabia perfeitamente no palmo dum adulto, possuía poderes misteriosos e místicos.
Diziam, em todos os cantos da Atlântida, que, quem a tivesse nas suas mãos, teria todas as raças e criaturas da Dimensão Mágico dominadas! Como funcionaria, é que foi, desde tempos imemoriais, um dilema enigmático e intrigante...! E porquê, perguntam vocês, meus caros leitores? Ora, a razão é simples: Vulcano, o deus romano do fogo, filho de Juno e Júpiter – o pai de todos os Deuses – e deus da metalurgia.
Era conhecido como o ferreiro e artesão dos Deuses, e, assim sendo, ele trabalhava nas mais profundas cavernas do centro da Terra. Isto tudo aconteceu há mais de mil anos, possivelmente nos tempos da fundação da Atlântida, quando nem sequer os Bruxos andavam pelas terras, voavam pelos céus, ou navegavam pelos mares.
Vulcano, o único deus fisicamente feio, com um terrível ódio de morte a Marte, o deus romano da guerra e amante da sua mulher, a bela deusa do amor, Vénus, decidiu vingar-se – mais uma vez – das aventuras amorosas entre o famoso casal.
E, foi no mais escuro e quente dos abismos no amaldiçoado Vale da Morte, uma região maldita da Atlântida, que este poliu e criou, com as suas artes de magia, a famosa Lua dos Sonhos. Vá-se lá saber por que é que pobre coitado pensou numa loucura dessas!...
A seguir, com a vingança a arder no peito, dirigiu-se ao reluzente e majestoso Palácio das Reuniões, localizado no grande e vasto Deserto da Sabedoria.
Para os que não sabem, o Deserto da Sabedoria cobre toda a costa sudeste e um pouco da sudoeste da nossa querida Atlântida. Com a forma dum barco, segurado por duas extremidades em forma de “L’s” invertidos – ou seja, o Deserto da Sabedoria no Norte, a conectar a Atlântida com o continente americano, e os Alpes das Sereias a ligarem o país com a Europa – esta era a forma desta curiosa e abundante ilha.
Como já dissemos, o Palácio das Reuniões era duma grande beleza, situava-se no centro do deserto, e, rodeado grades feitas de cristal inquebrável a um raio de cem metros, o palácio, sob o modelo dum cilindro achatado com mais de trezentos metros de altura, todo ele decorado minuciosamente com cristalinas pedras. Sustido por magníficos pilares de marfim branco na ordem jónica. As incontáveis janelas rectangulares, maravilhosamente esculpidas a prata, com dimensões de três metros de altura e dois de largura, mostravam finas cortinas de seda, sem quaisquer persianas.
Separadas pelos sete frisos da sorte de oiro, que, de certo modo, pareciam enrolar o palácio, tornando-o numa bela flor em botão do deserto.
Por debaixo das altas colunas, situavam-se, em cada lado do palácio com forma de prisma cilíndrico de seis lados, estava um portão de mogno, decorado com alto-relevo clássico, representando a beleza da Matemática, Artes, Letras e Direito.
Era neste local, construído pelos filhos de Neptuno – o Rei do Mediterrâneo e Atlântida, deus romano dos Mares – que os deuses das várias mitologias se reuniam e viviam.
Aqui também funcionava uma escola, desde o primeiro ano até ao secundário, para jovens feiticeiros brancos, fadas, bruxos e outras criaturas que tinham o dom da magia.
Vulcano, ao passar pelas portas, ignorou estupidamente a divindade deste maravilhoso local, na sua infinita burrice, nem reparou que a Lenifg, ou a Sombra, uma espécie de ninfa das trevas o seguia.
A Sombra, ser das trevas, e portanto, serva de Tsesustan, o Mal Supremo, ficou muito interessada ao ver com os seus olhos azuis-claros e frígidos que um deus coxo e corcunda, de barba castanho-escuro, mas olhos muitos expressivos e cabelo desgrenhado e solto, a dar-lhe pelos cabelos, caminhava por entre aquele chão sagrado.
Felizmente que a Sombra não podia entrar no Palácio das Reuniões, apenas entrar nas imediações do território. A Sombra, se ainda não perceberam, é representada por, exactamente, uma sombra duma bela mulher, pequena, despenteada, e de top preto.
Quando quer assumir uma aparência “humana”, esta é mostrada como uma pequeníssima – exactamente de cinquenta centímetros de altura – com lábios vermelhos como o sangue dos Homens; cara mais pálida que a Lua-Cheia; braços mais brancos e magros que as patas dum gato escanzelado; mãos tão pequenas e secas quanto as patas dum corvo; cabelo negro e despenteado, encaracolado e olhos frios, inexpressivos.
Estava classificada na classe das Fadas, mas há muito que a rainha a tinha banido, pois a sua ganância e orgulho fizeram com que as suas asas caíssem mortas, no chão.
Há muito que tinha unido forças com Tsesustan, aquele que, segundo as lendas atlantes contam, é o verdadeiro diabo. Não é nem um bruxo – feiticeiro mau – nem um deus. Ninguém sabe ao certo como é que apareceu nem donde veio, apenas se sabe que é maléfico e terrível!
Uma criatura, ora masculina, ora feminina, que se esconde na escuridão e nos infernos, e que apenas se representam sob a forma de dois olhos aterrorizadores, manchados da cor do fogo, avermelhados e repletos de ódio!
Dois olhos que vêem e observam tudo...E que detestavam a bela e maravilhosa luz e Bem que emanavam do Palácio das Reuniões...No começo da Atlântida, Tsesustan, a incarnação do Mal Supremo e criatura das trevas, ansiava por destruir e envenenar tudo o que os Deuses sábios criavam.
De repente, a Sombra viu outra figura a andar, num passo acelerado, em direcção ao palácio. Escuro e alto, com uma capa a tapar-lhe por completo o rosto disforme, mal se podia dizer que era humano.
Uma voz grossa e poderosa, vinda dum homem, com um bafo sujo de há mais de milhões de anos soltou uma risada amarga.
«Amo?!» Outra voz exclamou, num tom quase ondulado e suspirado sensualmente, como o barulho do sibilar duma serpente. «Também o sentistes?»
A voz grossa, e rude, e muito sinistra, respondeu friamente. «Sim, minha querida Lenifg, o ódio corrompia a alma daquele infeliz.» O homem – ou o quer que fosse que estivesse dentro daquelas vestes negras – respirou bem fundo, soltando uma tosse seca e longa. «Conseguiste apanhar o seu doce odor: o delicioso aroma a algo malicioso e falso, minha escrava?» Disse num tom maldoso. «Sabes o que tens a fazer...Cobre aquela horrível luz com a maravilhosa escuridão!»
O vulto ergueu solenemente as suas mãos, como se estivesse a invocar, possuído, algumas forças maquiavélicas.
«ESPÍRITOS! DOENÇA! PESTE, GUERRA E SOMBRA, E, POR FIM, QUERIDA ILUSÃO!» Gritou histericamente para o céu límpido. «FAÇAM COM QUE OS MEUS INIMIGOS CAEM DE DESESPERO E DESTRUAM AS SUAS CASAS, OS SEUS BENS, AS SUAS FAMÍLIAS, O SEU PRECIOSO E PATÉTICO AMOR!...»
Debateu-se a seguir uma terrível guerra, mas, felizmente, os Deuses ganharam a batalha contra as forças demoníacas e mulheres-generais dos exércitos das trevas, que se intitulavam como Tin, Fer e Nom – Guerra, Peste e Ilusão em Atlante – todas elas furiosas por matar, contra Júpiter, Plutão e Neptuno, que triunfaram, juntamente com os seus colegas, o glorioso Consílio dos Deuses.
Houve muitas baixas, de ambos os lados, mas Tsesustan não conseguiu escapar!...
Para o seu próprio bem, os deuses aprisionaram o Grande Mal numa gruta, na mais profunda das trevas, onde, encerrado numa flecha maligna, para toda a eternidade, ficaria.
Quanto à Lua dos Sonhos, bem....Ela, na verdade foi a arma da sorte para as forças do Bem, pois, quando usada com bons intuitos, a pedra reluziu triunfalmente, e, num raio de luz insuportável para os Demónios – os servos de Tsesustan que estavam mesmo em frente das linhas de batalha – e recuaram, assustados com a Gim, a Luz ou a força interior da pedra. Houve, porém, em toda a história da Atlântida, um anti herói que usou a pedra a seu favor e a propósitos, como e quando precisasse de usar a jóia, o bruxo Rwebertan Samiel Di Euncätzio, o apelidado Assassino do Amor, cujo segredo da utilização apenas revelou à mulher no leito de morte, deixando-lhe várias pistas, para que, um dia, ela encontrasse a jóia, e ajudasse a lutar contra as Forças do Mal.
Com os Demónios banidos para a Fronteira – o lugar mais noroeste da Atlântida e igualmente tenebroso – e com o Tsesustan derrotado, o único problema dos Deuses foi esconder a Lua dos Sonhos para que mais nenhum outro mal antigo ameaçasse a existência divina....!
Qual seria o paradeiro verdadeiro da maravilhosa relíquia...?
Para que propósitos tinha-a Vulcano construído...? E estaria, para sempre, Tsesustan, condenado a ficar reduzido a uma flecha negra...? Sim, mas não a sua serva, Lenifg, que, condenada a renascer todos os séculos como uma mulher malvada e traiçoeira, tão venenosa como as cobras, e mais hipócrita e falsa que um crocodilo, fora incumbida de recuperar a Lua dos Sonhos para o seu senhor, e que, com a sua caixa de mil males, uma vez em cada cem anos, Lenifg libertava todos as forças do Mal sobre a Atlântida, atraindo-as com os seus olhos demoníacos e maléficos…!

2 comentários:

Anónimo disse...

Bem...Como ja te disse tens muito jeito pa escrever....

Espero que um dia chegues muito longe com a tua escrita e espero que um dia concretizes os teus sonhos = D

beijinho

Juliana

Anónimo disse...

Terá sido essa a causa de todos os males do universo atlante?