sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O Lobo Negro


Num ressalto, chegou um grande lobo castanho-escuro, uivando num tom de aviso. Anúbis também tinha o dom da transformação animal.
Ao ouvirem aquele ataque surpresa, as raparigas dispersaram-se, e riram-se às gargalhadas.
Aquilo não era nada para dríades corajosas como elas, e então, chamaram, como se estivessem a rezar, uma oração lugúbre.

Deuses ousados, a pisar a nossa floresta sagrada!
Que os fogos fáctuos vos persigam e que ardem nos Infernos!
Matar, guerra, guerra! Se é isso que querem!
Protegeremos a nossa irmã sereia do Diabo!
Se é isso que querem!
Se é a morte que querem,
faça-se a ira da floresta real!
Deuses insensatos, as vossas lanças não
resistem aos valentes ramos dos chorões!

Se é isso que querem,
Faça-se a ira da floresta real,
SE É A MORTE QUE QUEREM,
FAÇA-SE A IRA DA FLORESTA DE CRISTAL!

Ao acabarem de prenunciar os últimos versos, as dríades trnasformaram-se em terríveis monstros com chicotes como mãos e cascos de diamantes como pés.
Se aqueles dentes arremessados amarelos abocanhassem um único braço de Néftis ou do seu filho, eles estariam perdidos.
Os seus bonitos olhos verdes agora brilhavam de fúria vermelha de sangue.
Os corpos sensuais tinham-se deformado para serem enrugados e terríveis.
Nestas alturas, as dríades só lutam para se protegerem, a elas e aos mais oprimidos. Como se costuma dizer, para grandes males, grandes remédios.
Um tropel daqueles seres deformados em luta, mordendo, arranhando, rasgando e dando safanões. Cem contra dois era muito injusto.
Enquanto cinco ou seis guardavam a sereia, a arrastaram para uma velha caserna desabitada e a empurraram através do buraco do antigo ninho de vespas que costumava ali haver.

Fica aí, irmãzinha!

Lamuriaram as dríades, nas suas vozes desafinadas.

Até que tenhamos morto os teus mestres e depois,
Brincaremos eternamente contigo, se as vespas te deixarem viva.

A pequena rapariga de quinze anos não hesitou em dizer as palavras mágicas em atlante que permitem falar com qualquer animal:
- Irmãs, queridas irmãs, sou mágica, e vocês?
Ela conseguia ouvir um zumbido e um barulho de madeira a ser limpa e arranjada por entre a imundície que a cervava e disse as palavras outra vez, para jogar pelo seguro.
Dentro de nada, conseguiu ouvir várias vozinhas de falsete.
- É mesmo! Todas para o ninho! – Disseram cinquenta. – Fica sossegada e quieta, irmãzinha, pois os teus pés podem magoar-nos.
A sereia ficou tão quieta quanto conseguiu, prescrutando pela abertura e a ouvir o estrondo furioso. A luta continuava renhida, e Néftis lutava pela sua própria vida, suando até aos pés. Nunca tinha tido uma batalha tão difícil, aquelas dríades eram, certamente, adversários de respeito.
A sereia, apercebendo-se que aquela batalha e tumulto tinha sido provocada por sua culpa, gritou com toda a força:
- Aqui! Estou aqui, Vossa Senhoria! Mergulhai no tanque para que consiga recuperar as forças!
Ao ver que a sereia se mantinha fiel aos deuses, a deusa sentiu renovada coragem e lutou como nunca tinha lutado antes. A sua respiração de fogo quase queimava os corpos de madeira das dríades, fazendo-as espernear até à morte. No entanto, algumas naíades no lago, ao verem que as suas irmãs da superfície precisavam de ajuda, tentaram afogar Néftis.
Que mais iria suceder...?!
Anúbis, vendo a sua mãe em perigo, lançou sem piedade setas flamejantes para espantar as dríades que também ajudavam as suas colegas, as ninfas da água.
Foi nessa altura que Néftis levantou o queixo e, em desespero, lançou as palavras para chamar qualquer bruxo.
- Filho de Tsesustan, artifíce da magia negra, eu sou mágica, e tu? – Pois ela acreditava que aquilo não tinha passado duma artimanha do Assassino do Amor para fazer o Egipto perder dois dos seus deuses mais importantes.
Até Anúbis, cercado pelas dríades não pôde deixar de se arrepiar quando ouviu a grande guerreira da noite pedir por ajuda.
Samiel só tinha chegado naquele momento ao cimo da colina, e aterrando, torceu-se tão violentamente que deslocou uma pedra de remate para o lago. Ele não queria perder alguma vantagem, tanto no seu ataque, como no solo e enrolou-se e desenrolou-se várias vezes, para se assegurar que toda a extensão do seu longo corpo estava em boas condições.
Por esta altura, já toda a Floresta de Cristal sabia da batalha. Portanto, vieram ainda mais quinhentas sílfides e salamandras de todos os cantos da floresta, para ajudar as suas companheiras de brincadeiras.
Nessa altura, veio Samiel resoluto, rápido e ansioso para matar....!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Um Plano Sinistro...

Na verdade, apenas Jerininantus, Nimtauk e Dirlent eram os únicos feiticeiros que estavam ali. Nimtauk, um gigante moreno de três metros de altura com a capacidade de se tomar a forma dum lince negro e assanhado das montanhas, era geralmente o carrasco de Samiel. As missões mais arriscadas e que requeriam mais músculos que inteligência, eram essas as que Nimtauk entrava em acção. Instrumento acéfalo nas mãos dum artista exímio, o gigante tinha sido em tempos um rufia viking. Por sua vez, Dirlent e Jerininantus eram “bruxos de confiança” do Assassino do Amor, que estavam ao seu serviço desde os anos de adolescência. Também eles sabiam que o Assassino do Amor não se revelaria “à toa”. A sua aparição, teria, obviamente, de ser discreta, para que assim as dríades ou outra fada não dispersasse por entre os bosques.
Mesmo assim, elas não ligaram às suas consciências, e continuaram a brincar nas margens daquele lago.
Entretanto, com cuidado, Néftis com a sua rede aproximou-se da clareira.
- Acho que isto não é correcto. – Comentou ela, sempre nervosa. – E se as Fadas e as Ninfas não tiveram nada a ver com a morte de Eris?
Uma nuvem aproximava-se pela força do vento, que cobriria a lua e as estrelas. Um pensamento macabro surgiu na mente frágil da destemida deusa «Se aquela nuvem for grande o suficiente, em breve estará escuro como o bréu...! Será impossível de ver as dríades!»
A nuvem poderia trazer uma vantagem a ela. As dríades não lutam, mas chamam a natureza para combater por elas. Além disso, o musgo apenas iluminava um pouco as árvores, não a floresta inteira.
«Se ao menos o Mestre Samiel estivesse cá....ele consegue ver no escuro melhor do que qualquer outra criatura das redondezas.» Pensou enquanto tentava não fazer um único som.
Subitamente, uma vozinha sibilante disse:
- Estavais à minha procura, querida senhora?
Era Samiel, transformado numa enorme píton de dez metros de comprimento, rastejando silenciosamente por entre as ervas, escolhendo o sítio exacto por onde passar sem se fazer notar.
Por mais incrível que podesse parecer, o feiticeiro já tinha rondado aquela zona da floresta durante algum tempo em plena luz do dia. Queria certificar-se do terreno em que estaria a pisar, e com uma inigualável mente de estratega, mandou terceiros para averiguarem cada folha, o vento, a temperatura, cada acontecimento ou evento que se passaria num só galho seria essencial para o desenrolar da “batalha”. Aliás, atento sempre ao mais infímo pormenor, decidiu pôr vigias em todos os cantos da Floresta de Cristal. Por seu lado, estes avisariam os homens do Castelo Negro, e que por sua vez, iriam transmitir a notícia ou a Jerininantus ou a Dirlent. De qualquer das maneiras, nenhum destes ousaria mentir ao Assassino do Amor. Com as grandes riquezas e magias que Samiel Di Euncätzio possuía, o simples acto de contar uma anedota dava para ter uma espada apontada directamente ao nosso pescoço numa questão de duas horas. Fazia ele muito bem rodear-se de informadores, e era por isso que todos o temiam. «O Assassino do Amor tem um pergaminho de cada vida atlante na palma da mão...» Na altura, era uma piada muito popular entre todas as classes, mas não era mentira que todos os que colaboravam com as suas actividades ou que seriam ou eram suas vítimas decerto tinham um lugar na biblioteca de moradas; pontos fracos; a que classe pertenciam; data de nascimento; vida pessoal; doenças; género sexual; ect...
O símbolo da comprida serpente magra cor de terra era adoptada nos tempos antigos como sinónimo de poder e astúcia, por essa razão o Mestre Samiel gostava tanto deste animalzinho, muito comum nos rochedos dos altos picos dos Alpes das Sereias, localizados no Nordeste da Atlântida.
A sua grande cabeça de réptil apontou para um pequeno pinhal à direita.
- Vou contornar o lago através daqueles pinheiros. – Sussurrou ele na orelha da mulher. – E descerei aquela colina verde com o solo a meu favor. Elas não se lançarão a mim às centenas, mas...
- Sei disso! – Interrompeu a mulher. – Aquele Anúbis é sempre o mesmo atrasado! Mas temos que fazer o melhor que for possível para encontrar essa sereia de que tanto o senhor fala. Quando aquela nuvem cobrir a lua, irei para o lago, pois elas estão reunidas numa espécie conselho-por-causa-da-princesa. Além disso, aqueles seus homens não estão ali para enfeitar, não é?
- Boa caçada. – Disse Samiel sinistramente e deslizou na direcção do pinhal.
Este era o menos vigiado de todos os grupos de árvores pelas dríades e a grande cobra deixou-se atrasar até conseguir encontrar uma maneira de trepar até às pedras preciosas que rodeavam os ramos dos pinheiro.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

A calma antes da Tempestade...!


Em primeiro lugar, obrigado pela tua colaboração Arthurius, espero que mais pessoas venham a contribuir para o desenvolvimento do Grito da Verdade
Agora....A continuação da história do Assassino do Amor!
Para além de rico, ter uma alma artística ser maldoso, o Mestre Samiel tinha uma capacidade essencial para os seus planos.
A sua luxúria pelo poder e a sua vaidade dependiam desse dom natural seu. Ele já estava irritado por os deuses terem falado de Neptuno, mas quando mencionaram mais nomes indescrítiveis cujos as fadas customavam chamar ao bruxo, este decidiu encontrar a pequena sereia de uma vez por todas juntamente com os dois deuses.

Este longo episódio relatado pelas testesmunhas vivas - as sílfides da floresta e os trents, o equivalente masculino das dríades - talvez seja um dos mais assustadores e tenebrosos de toda a vida criminosa de Samiel. Ele preferia actuar nos bastidores a puxar os cordelinhos, mas por uma ocasional infelicidade, a sua ira tinha sido desperta. Talvez seja uma das mil razões porque as fadas e os seres mágicos da floresta temem os bruxos. Segundo os relatos da época, esta foi uma das grandes batalhas entre os seres de magia branca e os de magia negra, mas, para o triste grupo de trezentas dríades que habitavam e deram refúgio à ondina, aquela era uma noite calma...!

Ao caír da noite, na clareira da floresta, sentia-se um ambiente mágico no ar, o estranho musgo azul ténue em cada árvore brilhava cada vez mais à medida que a noite avançava. A Floresta da Cristal chama-se assim por este brilho azul pálido que se pode ver do céu e cobre quase dois terços da Atlântida. É uma das maravilhas naturais mais bonitas do nosso país.
O vento soprava sobre os juncos e ervas altas dos muitos lagos pálidos, cuja a água reflectiam o luar. As criaturas da floresta já se tinham retirado para dormir, excepto três vozinhas de lindas jovens que cantavam alegremente.
Até parecia que as árvores e as restantes plantas tinham ganhado vida, mas não era isso. Aos poucos, apareceram três dríades completamente nuas.
Uma escondida por detrás dos chorões com a mesma pele branca de cal e cabelos desgrenhados tão verdes quanto as folhas de um chorão.
Outra, surgiu nas ervas altas verdes-escuras, correndo mais depressa que um servo, com pezinhos finos e magros. A terceira saiu da sua mãe macieira, igualmente com cabelos finos louros como as folhas amarelas do Outono e corpo sensual castanho-escuro como o tronco da árvore. Todas tinham as orelhas muito pontiagudas e narizes aquilinos.
Assim eram e são as dríades, as ninfas protectoras da floresta,seres híbridos, metade planta, metade fada, metade mulher. Brincavam muito divertidas. Dançavam em conjunto, saltavam ao eixo e escondiam-se por entre as árvores e as plantas.
As canções, nesse tempo, estavam unicamente dirigidas a um só alvo, o temível Assassino do Amor. Elas sabiam que era muito perigoso fazerem isso, mas, tal como qualquer espírito livre, adoravam a sua vida sem preocupações.
E algumas vezes, esqueciam-se que habitava um feiticeiro poderoso naquelas imediações. Eram verdadeiras macaquinhas daquela floresta, aquelas malandras...! Mas não o faziam por mal, não. As Dríades não são malvadas, de facto, são muito bondosas e brincalhonas.
Porém, pararam de cantar, e aperceberam-se que seria bom ver as duas princesas de perto.
Toda a gente conhecía – e conhece – a sua ladainha preferida, e que é assim:

Aqui vamos nós alegres, a meio caminho da lua invejosa.
Não invejas os nossos livres passos saltitantes?
Estar com um homem...! Que desdita mulher és tu!
Não gostarias que a cor do teu corpo combinasse
com as cores do arco-íris?
Estás zangada mas isso não importa, irmã, não tens pezinhos delicados de ervas daninhas como nós!

Aqui estamos sentadas num ramo, a pensar sobre o que
Sabemos.
A sonhar com tudo o que vamos conquistar em poucos minutos.
Alguém nobre, inteligente e bom, desejoso que nós lhe partilhemos
Os nossos segredos.
Já nos íamos esquecendo desse rapaz, mas isso não importa, irmã,
Não tens cabelos a esvoaçar sobre o vento!
Mal elas sabiam que duas dezenas de homens as observavam, fascinados com a espantosa beleza do trio de raparigas. Escondidos na escuridão e nas rochas, rastejavam no silêncio daquela noite à procura do sinal do seu mestre. Eram os homens do Assasino do Amor. No seu flanco esquerdo, encontrava-se a deusa Néftis a ver a força das três inocentes meninas.
Elas não pareciam ser nada más, mas.... (continua no próximo post)

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O Grito da Verdade precisa de Ti...!







Olá! Aqui estou eu, a tifongirl (a vossa maravilhosa, linda Jessica Magnetite von Tifon, eu), a pedir que vocês – caros leitores que passam por este túnel de emoções e fantasias – me dêem uma pequena ajudinha.
Eu sei que pode parecer difícil de acreditar, mas a minha fonte inesgotável de criatividade tão famosa parece sofrer duma seca (a culpa foi da SPV, acabaram por descobrir o meu blog e fizeram-me umas quantas interrogações, comecei a ficar preocupada! Num governo totalitário, é sempre assim!)

Portanto, o que vos vou pedir é muito simples: basta darem-me uma pequena ideia qual/quais é/são a/as personagem/ns da Atlântida ou da Dimensão Mágica que mais vos cativa/m ou gostam para o mail c.catigirl@gmail.com, ou comentem um post no http://www.tifon-ogritodaverdade.blogspot.com/.


Como todas as coisas, também tem de haver uma lei, se me enviarem um e-mail, por favor, sigam à risca estas instruções:

· O e-mail não pode ter mais que três paragráfos (princípio, meio e fim)

· De preferência, gostava que me dessem uma imagem de como o – ou os, como quiserem – personagem se assemelha para vocês.

· Originalidade, claro.

· Se tiverem dúvidas, não hesitem em pô-las!

· Por fim, divirtam-se: quero demonstrar o quão estes camelos da polícia secreta não vão triunfar!