domingo, 23 de dezembro de 2007

Época Festiva (Special)


Como todos os visitantes dos meus blogs sabem, estou um pouco atrasadinha para fazer um post especialmente de Natal, em que a Jessica Magnetite von Tifon e a família estejam juntos para celebrar esta ocasião especial, mas não se preocupem, porque vou dar-vos um cheirinho do que vai acontecer no primeiro Natal de Jessica na Atlântida:


Caro amigo/a:

Tenho andado mesmo ocupada, porque...Tenho um medo terrível! O General B apareceu no baile de Natal e tirou a máscara que lhe dava protecção.
E, para além de ser cruel e malvado, está interessado em mim e na Sara...
Será ele o meu Padrasto?

«... Dizendo isto, virou-se calculosamente para a sua “ pequena presa”, e, sorrindo para ela, concluiu:
- ...Não é, minha querida?
Ela engoliu em seco, e, embora estivesse cheia de medo, a Sara encheu-se de coragem e alegria, abanando nervosamente a cabeça.
- Bem...Eu até gostava de dançar consigo, General, mas é que eu...
Ao ver que a rapariga continuava tão ingénua como sempre, este interrompeu-a com um ar satisfatório:
- Excelente. É bom ver que está tudo a correr bem...»


mas o corajoso Conde Dark Sword, o chefe da Resistência e o meu hilariante namorado Pedro talvez consigam salvar o dia!


«... Sara olhou nervosamente para todos os lados, para todas as raízes, para todos os arbustos, mas não viu nem uma única folha a mexer-se, apenas aquela voz assustadora a soar cada vez mais perto.
- O vilão vacilou desta vez, e eu vou apanháaaaaaa....
De repente, um dos ramos do carvalho onde a minha amiga estava sentada soltou-se, e, como se houvesse um bombardeamento na floresta, caiu um desajeitado e pesado corpo metálico, mesmo cima da pobre rapariga, fazendo um barulho que espantou as criaturas do bosque. Mesmo que estivesse acordada, não poderia acreditar no que via, um homem charmoso de trinta anos no seu colo. Seria aquele o seu herói caído? Este sorriu, com o seu florete meio enferrujado, e a sua máscara posta de lado, com o fiel e poeirento capote tapando a sua verdadeira identidade. E, enquanto se limpava, os seus motores quase que aqueciam.
- Ups! – Exclamou ele divertido. – Parece que me enganei nos cálculos da aterragem....»

«...Durante uns minutos, olhou um pouco mais para ele e estendeu a mão generosamente com aquele sorriso falso.
- Presumo que você seja o tal rapaz insignificante das entregas “Nuvem Doce”, do qual o Sr. Duque tanto fala ... – Comentou suavemente. – Espero que se recorde todos os dias com quem anda.
Dito isto, apertou a mão a um Pedro desconfiado e inseguro.
O meu namorado não sabia se também podia confiar num bruxo, muito menos num alto oficial da SPV....»


Como é que tu achas que isto vai correr? Ai, ai...Não sei, só o Destino o dirá.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

A caçada de Samiel...


Uma espessa neblina cobriu de súbito toda a zona em que estavam, e a lua desapareceu silenciosamente por entre as montanhas. As fadas amontoavam-se, sentadas em forma de U à volta do lago com os pés à chinês, à espera de ver qualquer coisa.
Anúbis desviou cuidadosamente o olhar, com um pouco de medo e foi beber água a uma fonte que havia num chorão perto do lago.
Néftis tentou olhar para o espelho que trazia sempre consigo e, a tremer, tentou retocar a maquilhagem, enquanto Samiel com um estranho sibilar e, arrastando a lâmina nas poças de água lamacenta, provocou um bizarro som metálico que fez as fadas fixar o olhar nele, contornou o lago até encontrar um sítio onde olhar para todas elas. Com um estalar de dedos, formou por magia negra uma forte labareda roxa, tornando-o igual a um fantasma, apenas vendo-se os seus olhos e o rosto pálido como a cal.
- A lua está a por-se. – Disse num sussurro ominoso. – Consegues ver-me sobre esta luz?
- Vemos-te perfeitamente, Mestre Samiel. – Foi a resposta que veio perto das ervas altas nas margens do lago, como o barulho que o vento faz ao bater no topo das árvores.
O feiticeiro sorriu e acenando o indicador como se chamasse alguém, invocou uma pequena harpa prateada que veio a flutuar até ao local onde ele estava.
- Óptimo. – Exclamou ele. – Jerininantus, o teu bom senhor precisa mais uma vez da tua ajuda!
Um vento agreste cheio de poeira vindo do Sudeste veio em seu auxílio, e, subitamente, todos os seus soldados – os seus outros lacaios, escolhidos a dedo por Samiel – vieram juntar-se à reunião como fogos-fáctuos.
Uma sombra no meio do lago revelou um homem que substitutuiu o Assassino do Amor num espectáculo de fumo vermelho e um trovão revelou um sorriso diabólico, e, nesse momento, os dois deuses aperceberam-se que Neptuno, ao privar Samiel do seu amor, tinha criado o Diabo em forma humana!
O Jerininantus dedilhou cuidadosamente nos frágeis e infímos fios de seda qual hábil guitarrista, e o som que saiu do instrumento era para os ouvidos da sereia algo parecido a...Nada! Não se ouvia nada. Porém, Anúbis, Níftis e as fadas pareciam escutar com uma atenção minuciosa aquele concerto.
O Jerininantus fez acordes estranhos e bizarros, que aos ouvidos “insensíveis” de Claudinitiana soavam ao mesmo silêncio que tinha ouvido antes do pôr da lua.
Como é que podia ser possível alguém ouvir um nada...?!
Sempre ao mesmo ritmo e compasso, sem descanso, mas tranquilamente, acompanhando a triste cena de alguém tocar num instrumento com um zumbido baixo...
As luvas de Jerininantus quase nem se viam e à medida que tocava com precisão ciúrgica em cada corda minúscula com a espessura de cinco milímetros, o seu público ficava ainda mais relaxado e sonolento.
Ao mesmo tempo, o musgo azul-claro morreu e toda a clareira e arredores mergulhou numa profunda escuridão...! Até que por fim, a única luz que restava era daquela harpa; os dedos, as luvas e os olhos dele deixaram-se lentamente de se ver. Este, continuava impertubável, continuando a tocar a harpa.
Anúbis e Néftis deixaram-se ficar petrificados como estátuas, apenas se ouvindo gemidos das bocas deles. Aquilo era simplesmente um espectáculo horrível de se ver. Apenas Claudinitiana olhava sem compreender.
- Classe das Fadas, filhas da Rainha Titânia. – Disse finalmente a sussurrante voz de Samiel. – Conseguem mexer-se sem que eu vos mande? Falem!
- Não, nosso senhor. Não conseguimos mover-nos sem que nos mandes.
- Óptimo! Então, aproximem-se um passo, minhas filhas. – Disse ele, com a voz cada vez mais arrepiante.
As fadas, sem forças, avançaram em direcção ao lago, e mãe e filho deuses, deram também um passo em direcção ao lago, tal como elas, que agora reflectia a imagem dum castelo negro situado no Vale da Morte.
- Mais perto! – Sibilou Samiel, e todos eles se mexeram novamente. – Mostrem aos atlantes e aos seus deuses quem é SAMIEL RWEBERTAN DI EUNCÄTZIO!
Aterrorizada com tamanha visão, a sereia pegou em ambos os deuses para os levar bem longe dali.
- Claudinitiana...Mantém a tua mão no meu braço! – Murmurou Néftis com medo. – Mantém-na aí, senão irei cegamente até ao Mestre Samiel!
- Não estou a perceber nada! – Disse a sereia espantada. – Vamos!
E os três rastejaram com dificuldade até à saída da floresta e, ao verem uma estação, correram imediatamente até lá.
Ao se sentar num dos bancos, são e salvo, Anúbis suspirou de alívio. Como ele etava contente pela Claudinitiana não ser uma dríade.
- Uff! – Exclamou o adolescente – Nunca mais quero a ajuda do Assassino do Amor!
- Foi mais esperto do que nós. – Disse Néftis a tremer. – Mais um pouco e tinha ido parar directamente aos seus braços!
O seu filho concordou, abanando as mãos e todo o seu corpo nervosamente, para certificar-se se o encantamento já estava quebrado.
- Quantas não irão parar ao Castelo Negro antes que o Sol nasça? – Perguntou ele, arrepiado. – Vai ter uma bela caçada, mesmo ao seu estilo.
A rapariga não tinha compreendido nada e olhou os seus dois senhores, muito confusa. Ela não sabia nem se lembrava que tinha sido hipnotizada pela primeira vez quando Samiel a induziu a ir até à sua morada.
Por isso, com as mãos no colo, e com o pé direito húmido a bater no chão, lançou um olhar desconfiado.
- Que significa tudo isto?! – Perguntou. – Só vi um feiticeiro a tocar uma harpa parva que não dava nota alguma!
A deusa começou a ficar zangada, e retribui-lhe o olhar.
- Agora, nós! – Disse ela secamente. – O que é que puseste no copo de água de Eris?
- O quê?! – Exclamou com sinceridade. – Não me lembro de ter posto coisíssima nenhuma no copo da minha senhora!
Foi aí que Anúbis veio em defesa de Claudinitiana, e olhou para a mãe com um pouco de vergonha. Era verdade, ele tinha um fraquinho pela sereia, e já tinha um plano para lhe demonstrar os seus sentimentos.
Mas primeiro, tinha que ganhar a confiança da mãe protectora.
Pondo a mão no ombro da rapariga atraente, exclamou:
- Mãe! A mãe ainda não viu que ela estava sob o poder do Assassino do Amor? Ela não se lembra de nada, pois não?
A sereia encolheu os ombros e abanou a cabeça, corando um pouco ao ver que o rapaz bonito estava a dar-lhe razão.
- Sim, lembro-me vagamente. – Respondeu ela na sua voz de classe baixa, tentando esconder-se. – Excepto a sensação do meu corpo ter sido explorado e estar muito fria. Isso sempre ficará no meu pobre coração!
Assim, Claudinitiana contou tudo o que se lembrava acerca dos seus encontros às escondidas com Samiel, do maravilhoso manjar que comera antes de ser dominada de todo por ele, da vida de escrava que tinha no castelo e, por fim, da melhor maneira de saír do castelo e do Vale da Morte, caso outra rapariga caísse nas garras do Assassino do Amor.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

A SPV.... (blog autorizado pela SPV como inofensivo)


A pedido dos nossos leitores, decidi dedicar mais uma vez o meu talento com uma investigação cuidada e bem segura. Há uma nova na entrada do Anel da Serpente, um cartoon semi-pornográfico que é uma demonstração do que os Cyborgs têm de mais cómico: pôr algo que não é verdade: os três homens mais temidos na polícia secreta como mulheres! O general B é louro, é? LoL Na verdade, este é um cartoon que alguns amigos meus da SPV fizeram para gozar com os seus “manda-chuvas”. Cá para mim irrita-me imenso que os Bruxos sejam tão machistas...! Aquilo enoja-me! Enfim, os Bruxos têm cá um sentido de humour

Em todo o caso, a SPV está a tratar agora do Testamento de Neptuno – um texto legal separado em cinco partes do qual já te falei.
Também é verdade que a grande prioridade geral é que uma certa festa corra o melhor possível.
“Capturar e eliminar Cyborgs, o mais imediatamente possível!” é o lema do Departamento do General B. As suas ideias são pouco ortodoxas. Despreza a abordagem directa, pois é demasiado simples, O seu departamento está sempre repleto de planos bizarros para operações cruéis.
E mesmo os poucos que consegue pôr em práctica bastam para o consagrar como um dos chefes de bruxos mais insidiosos, mas também, sem a menor das dúvidas, um dos mais brilhantes desta época nefasta pela qual a Atlântida atravessa actualmente.
Segundo testemunhas, ele nunca sai do Anel da Serpente até, pelo menos às 22:00.
Ninguém sabe donde e quando nasceu, tudo é obscuro e misterioso neste homem, incluindo as suas origens.
Chegou em 1992 como um arrependido ex-agente do KGB – diminuitivo da polícia secreta e organização de espionagem russa desde 1954 até 1991 – de madrugada, vindo da antiga Alemanha do Leste.
É tudo isso que se sabe, a não ser os rumoures não confirmados de ter uma costela nazi.
Não me admira nada, Kzenah Malagheti utiliza-o como seu informador secreto para saber como estão as coisas na Polícia Secreta Atlante.

A SPV, tal como já te disse, é, simultaneamente, uma polícia secreta de repressão e os serviços secretos da Atlântida. Muito bem organizada, por sinal.
Goldtheeth – o chefe da SPV no seu todo – tem dois dos departamentos sob total controlo: os Direitos Civis Atlantes (espionagem interna) e o Departamento L (externa e censura).
O Departamento C, ou mais conhecido por CAP – a Csin Apartmt Poliza – temida por toda a Atlântida e chefiada pelo Coronel-Tenente romeno Julianno Chacal Amarelo. Juntamente com o sub-departamento, foi constituída para combater a oposição ao Partido, efectuar a habitual “supervisão” de todos os pontos de entrada e saída do país, e, ajudar no Departamento L a perseguir os “impuros e imundos”.
“Um por todos e todos por um” é o lema da SPV, ninguém fica sozinho.
O Major Walter Scüller, advogado austríaco de baixa estatura é um intelectual intriguista, astuto e opurtunista, cuja fria eficiência e pendor para o sarcasmo e ironia jornalística são óptimos complementos à mais lata abordagem do General B à actividade de todos os departamentos. O Major chefia com o Coronel-Tenente Hjalmir Menah (antigo cientista iraquiano) o Departemento L e é também o editor do famoso jornal da nossa querida polícia: SPV Order
Pode ser pequeno para um bruxo, mas é tão sexy....A minha meia-irmã Tsuna que o diga...Eh, eh, eh...
Mas essa é uma história diferente e será contada na altura mais apropriada.
Como vês, apesar de existirem os quatro coronéis-tenentes Fuinhas, é Goldtheeth quem manipula esta complexa rede de bandidos e espiões. Quem será Goldtheeth...?
Bom, essa é outra história....

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

"A Píton com Dentes"


A força de luta de um bruxo reside no golpe que o faz arremessar o seu florete ou bala ou tridente. Se conseguirmos imaginar uma lança, um aríete ou um martelo com a potência de quase metade de uma tonelada dirigidos por uma mente fria e silenciosa, podemos imaginar vagamente como era Samiel quando lutava. Bem, digo-te que um bruxo da minha idade pode derrubar cinco fadas de uma só vez, e o Mestre Samiel tinha para aí trinta e quatro anos, segundo as crónicas desse tempo. Quando lutava ou andava à caça, nada mais ocupava a sua cabeça. Os objectivos tinham de ser cumpridos, e, calculosamente, dirigiu o seu primeiro golpe para o centro da multidão que rodeava Anúbis – e que num segundo, foi desmobilizada em silêncio.
As dríades voltaram ao seu aspecto normal e fugiram a sete pés, gritando:
- O Assassino do Amor! É o Assassino do Amor! Fujamos irmãs!
Várias gerações de bruxas, tanto fantasmas, fadas e cyborgs foram assustadas, o que as levava a comportarem-se melhor, diante das histórias que ainda se conta de Rwebertan Samiel Di Euncätzio, o assassino nocturno que se podia esgueirar ao longo dos ramos tão silenciosamente como o musgo a crescer e que tinha levado a grande Eris. Do Mestre Samiel, que se conseguia dissimular ao ponto do barulho dos pnéus da sua limusina a rodarem serem confundidos com o canto dos grilos e das cigarras à noite, tomar a forma de qualquer criatura que alguma vez habitasse a Dimensão Mágica e que conseguia enganar até as raparigas mais espertas e sábias, até que o suposto grilo as apanhava numa brisa gélida de Inverno, muitas histórias e lendas se contam acerca do Assassino do Amor. Samiel é tudo o que uma rapariga atrevida pode recear na Floresta de Cristal e no Vale da Morte, uma vez que nem eu, nem ninguém conhece os limites do poder dele, ninguém consegue olhá-lo nos olhos e nunca ninguém sairá vivo do seu beijo fatal. O que torna uma lenda urbana de “bicho-papão” ainda mais assustadora é de não sabermos como o fazer parar! Toda a gente sabe disso. Por isso elas correram, aos tropeções com pavor, para as seguras árvores e ervas altas.
Anúbis respirou de alívio, o seu escudo de defesa era mais espesso que o de Néftis, mas tinha sofrido terrivelmente durante a luta. Depois, Samiel abriu a boca pela primeira vez e proferiu uma palavra longa e assobiada; ao ouvirem-na, todas as ninfas que estavam afastadas, a fugir espantadas, pararam estéticas onde estavam, aninhadas e encolhidas, a tremer de medo. As ondinas que moravam no lago e as dríades que estavam perto dos juncos interromperam a gritaria. As salamandras juntaram-se silenciosamente a elas, parando as suas tentativas infrutíferas de fazer fogo para espantar o Assassino do Amor. Toda a gente sabe igualmente que nós, Bruxos, preferimos locais escuros e com pouca luz, pois o Mestre Samiel, forçado a viver nos profundos subterrâneos do Vale da Morte durante tantos anos, desabituou-se do Sol, e qualquer contacto a ele era um perigo enorme! Quanto às sílfides, ao ouvirem com os seus apurados ouvidos o bater do coração de ferro do feiticeiro, também ficaram hipnotizadas. Eis o porquê do Rei dos Bruxos ter sempre um coração de ferro: as Fadas detestam o ferro, é o seu calcanhar de aquiles, por assim dizer.
No silêncio que pairava sobre a cidade, a pequena sereia quase que também cessara a sua luta para saír da caserna, mas logo acordou do feitiço.
Conseguiu ouvir Néftis a secar os seus longos cabelos com o calor do seu bafo e de seguida, o brado irrompeu novamente.

Assassino do Amor, assassino do amor!
Qual será a tua vítima desta vez?
Sempre a enrolar os seus anéis!
Sempre a enrolar os seus anéis
nos seus patéticos dedos magros!

Tenta apanhar-nos monstro malvado!
Tenta apanhar-nos, assassino do amor!
A que apanhares, patético homenzinho,
dar-te-á um beijinho!
Mas tua esposa morta, dar-te-á um puxão de orelhas!
Ah, ah, ah! Ah, ah, ah! [1]


Guinchavam à medida que saltavam nos ramos, dando berros como crianças infantis e mimadas.
- Meu filho, tira a sereia da armadilha; eu já não consigo aguentar nem mais um minuto nesta floresta de loucos! – Disse Néftis irritada. – Pega nela e vamos, podem atacar de novo.
Enquanto isso, Samiel certificou-se que as dríades fizessem pouco barulho.
- Só se moverão quando eu mandar! Quietas! – Ordenou ele.
Assim que o disse, toda a clareira permaneceu novamente em silêncio.
Olhou para todas as Fadas imóveis como estátuas, abraçadas umas às outras. A sua voz tinha algo de autoritário que as fazia parar, o que era é que ninguém saberá. Esboçou um sorriso triunfante, e, dirigindo-se para Néftis, este disse: não me foi possível chegar mais cedo, mas penso que ouvi o seu pedido de socorro.
A deusa corou um pouco ao ver que durante a batalha, tinha sido cobarde ao chamar por um homem.
- É...é possível que tenha gritado durante a luta. – Respondeu ela meio envergonhada. – Anúbis! Meu filho, estás ferido?
Lambendo a pata em que se tinha magoado, o jovem deus soltou uma valente risada, e sorriu para a sua mãe-galinha. Ele não era rapaz que chorasse por uns meros cortes.
A seguir, lambeu o rosto de Néftis como apreciação pelo seu enorme afecto.
- Não garanto que não me tenham feito em milhares de cachorrinhos. – Disse ao tentar levantar-se para mudar para a forma humana. – Wow! Aquilo é que foi uma grande batalha! Acho que te devemos a vida, Mestre Samiel.
O criminoso revirou os olhos em forma de desprezo. Ele odiava cenas comoventes. Limpou a capa negra com as mãos e embainhou a sua espada de novo friamente.
- Não interessa. Onde está a ondina?
Foi a vez da sereiazinha dos mares do Atlântico falar, muito chateada, por ninguém lhe prestar atenção.
- AQUI! Numa armadilha, não consigo soltar-me! – Gritou a sua voz dentro do casebre. – Mestre Samiel! O meu senhor à espera de quê? Senão transformo-me numa fantasma!
Ouviu-se também os zumbidos das vespas furiosas:
- Tirai essa intrometida daqui! Daqui a bocado, ainda esmaga a nossa rainha!
O feiticeiro pôs as mãos nos bolsos, ajeitou a capa e riu-se.
- Ah! – Disse Samiel. – Afinal tens amigos por toda a parte, minha menina! Afasta-te! Escondam-se, ò pequeno Povo Amarelo, vou derrubar a porta.
Com um pequeno, calculado e rápido golpe dos “Dentes de Víbora”, duas adagas letais longas e compridas na dobradiça, ele conseguiu reduzir a porta em pequenas partículas de pó.
A sereia saiu pela abertura e foi logo recebida de braços abertos por Néftis, que a encontrou muito fraca e com o cabelo despenteado e cinzento.
Logo a abraçou com delicadeza, e acarinhou a pobrezinha, como se fosse sua filha. Ficou atónita ao ver o estado em que ela estava, e de olhos arregalados, lançou um ar preocupado enquanto tentava pentear o longo cabelo preto da sereia.
- Céus, querida! – Exclamou ela. – Que te aconteceu, até parece que um vendaval passou por esse cabelo!
A sereia agradeceu tanta ternura, e conteve as lágrimas.
- Estou esfomeada, dorida, mas nem uma nódoa negra, Vossa Senhoria. Não precisa de se preocupar. – Dissa a rapariguinha. – Eu estou bem. Mas...Oh, Vossas Senhorias estão feridos!
Anúbis sorriu de contentamento, esfregando as mãos, e apontou para um grupo de cinquenta dríades mortas.
- Não somos os únicos. – Comentou a rir-se.
- Não faz mal, não tem importância! – Disse Néftis muito comovida, com as lágrimas a rolarem da cara. – Logo que cheguemos à Cidade dos Deuses eu preparo-te um bom chocolate quente com bolinhos de queijo fresquinhos.
O jovem deus separou as duas raparigas com a sua força divina e disse num tom seco:
- A mãe já se esqueceu porque é que viemos para cá? Viemos para entregar ao Mestre Samiel a sereia. Afinal, é ele ou não que lidera esta operação?
Um sorriso opurtinista passou no rosto viperino do vilão, e acenou para que a rapariga viesse com ele sem oferecer resistência.
- Estais absolutamente correcto, jovem senhor Anúbis. – Disse num tom muito gentil. – Agora, minha querida, vem cá para os braços do teu senhor...
A rapariga quase sem forças para resistir logo buscou refúgio no seio, cheia de medo, e gritou tão agudo quanto uma divindade dos mares sabe gritar, tentando não olhar para os olhos de Samiel. Começou a derramar lágrimas doces no regaço de Néftis
- PÁRA, PÁRA, monstro cruel! – Soluçou ela. – Chamo-me Claudinitiana! Meus senhores, protegei-me daquele demónio!
Claudinitiana parecia mesmo desesperada por não cair outra vez nas garras daquele diabo.
Desta vez, a deusa recusou o abraço da sereia e empurrou-a para os braços do antigo e negro mestre.
- Talvez seja melhor confessares, Claudinitiana. – Disse ela com sinceridade.
Tudo parecia acabar mal, quando Anúbis sentiu algo pela pequena fada dos mares. Algo que nessa altura, ele mal conseguia explicar, mas que, de certa forma, o incitava para que Samiel não ficasse impune. Chama-lhe dever, chama-lhe até mesmo misericórdia, mas talvez ele estivesse apaixonado pela linda menina.
Mal o malvado ia se encontrar com o corpo da rapariga, um pesado machado de fogo quase lhe cortava a mão e o separou da sereiazinha.
Ao ver que estava a ser interrompido, ele pôs as mãos nas ancas.
- Ora Anúbis, mas que atrevimento o teu! – Exclamou maldisposto. – Essa rapariga pertence-me por direito! Cometeste um erro muito grave, meu rapaz!
Com o machado flamejante a proteger a sereia, Anúbis olhou com desprezo para o seu adversário. No entanto, estava preocupado que o Assassino do Amor simplesmente desfizesse o machado em pó.
- Olha lá, Assassino do Amor! – Disse num tom valente. – Tu...Tu...Tu já não tens presas que cheguem para sete anos[2]? E que tal se ela ficasse connosco nesses anos, e, depois, prosseguirmos com um julgamento justo e sem magia negra à mistura! Não te importas?
O Assassino do Amor virou a capa negra em direcção do vento forte, e, fingindo não estar irritado, suspirou com espirito desportista.
- Claro que não. – Disse calmo. – Dez anos a mais ou a menos...Não me importa o tempo que tenha de esperar para apanhar essa rapariga. Ela vai ser minha, custe o que custar!
Dizendo isto, dirigiu-se para a rapariga, e acariciou ternamente o cabelo preto da sereiazinha com a espada segurada pela sua língua de réptil bifurcada.
- Tu não vais ter os teus amiguinhos deuses sempre por perto, e, quando um dia isso acontecer, vigia bem as tuas costas, porque eu vou estar a devorá-las com azeite em postas!
Soltou uma risada.
Anúbis apontou o seu reluzente machado contra Samiel, olhando-o com desprezo.
- Deixa a sereia em paz! – Avisou o deus. – Senão...
As mãos do feiticeiro enganador automaticamente levantaram-se num acto de falsa humildade.
- Juro pela minha saúde que nada de mal acontecerá à rapariga. – Disse ele defendendo-se. Mas quando se dirigiu para a sereia, falou num tom interesseiro. – Até daqui a sete anos...! Mas agora vai. Vai dormir, pois a lua está a pôr-se[3] e a minha harpa não está destinada a tocar para pessoas como tu.
[1] “Tenta apanhar-nos” é um tema duma canção popular atlante muito famosa que se canta muito nas vésperas do Dia da Magia Negra para espantar o espectro do Assassino do Amor.


[2] Segundo os relatos históricos, Samiel foi banido por sete anos para o Vale da Morte ao se saber que queria culpar a naíade inocente. [3] Quando a lua se põe, no seu círculo internminável como o Sol, diz-se que ainda se consegue ver a silhueta de Samiel na lua a tocar a sua harpa mágica. Maldito aquele que o seguir, pois desaparecerá para todo o sempre!