sábado, 24 de janeiro de 2015

Vishardnya - personagem da Saga do Califa Onisamatzeka

Vishardnya 




Vishardanyada Viksaraanpan'Aka - filha da cy-bata Mayu de Shunamari e do Chefe do Clã Viskaraanpan, Vishardnya de dezassete anos  é uma guerreira Gemmyarkahni treinada nas artes de Ninjutsu pelo pai adoptivo, Hibiki Kato.

Olhos claros, quase verdes, pele morena e cabelo escuro, "Vishardnya" tem a tatuagem da família Di Euncätzio tatuada nas costas.

Vishardnya é a "escrava" que  o "Princípe" Shekar encontra fortuitamente no mercado da cidade do Senhor Rajnustk.  Tímida, corajosa, a jovem kunoichi consegue cativar o futuro Califa de uma forma que nenhuma outra mulher tinha conseguido.  Senhora de muitas ideias, Vishardnya parece temer apenas um homem em todo o Império Bellante, e esse homem é precisamente o seu pai adoptivo.

Umas vezes delicada e elegante, outras cínica e trocista, Vishardnya tem como nome completo a tradução em Phetrkaträlam "Flor Estrela da Montanha". Curiosamente - coisa que muitos Humanos Bellantes comentam sobre o seu nome - Vishardanayada é o nome de uma antiga guarda-costas do Terceiro Filho da Antepassada de Hibiki Kato, Yekatörya.


Armas favoritas

  • a.       Duas adagas que faziam um trio com a adaga da Senhora Benzaiten. As duas primeiras são de um aço menos refinado que a tanto da Senhora Benzaiten Kato e tem um punho de madeira de gingko. 
  •       No entanto, são relactivamente mais práticas, uma vez que o aço é mais leve. Têm exactamente vinte e um centímetros de comprimento. Mais curtas que a maior parte das armas de combate Bellantes, as duas adagas dão a Vishardnya uma vantagem: o inimigo pode substimá-la.

  • sd     - o seu koto de treze cordas, guardado numa caixa de couro , de um metro e oitenta e dois. A madeira - feita a partir de uma kiri (paulónia) Japonesa com duzentos anos de idade - do instrumento é muito leve, facto que dá a Vishardnya uma vantagem enorme quando tem de transportá-la. 

  •        Dois frascos com paus. Um tem explosivos com efeitos pirotécnicos e o outro tem paus de incenso. Não é a arma mais usada por Vishardnya uma vez que os seus inimigos podem descobri-la caso use os explosivos muitas vezes. É mais uma pequena diversão em caso de emergência.

  







segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O Califa Onisamatzeka - parte 2

Um mundo tanto de luz como de escuridão - ou o Califa Onisamatzeka


Uma pequena borboleta voou de uma caixa de música com um dragão Japonês pintado na madeira perfumada, iluminada por um lampião a gás Gemmyarkan em bronze. 
Era uma magnífica "onibi-arijkinnara" - Bola Demoníaca de Jade - do tamanho de uma mão de uma criança. As Onibi-Arijkinnara deviam estar a acasalar. Porém, as asas esverdeadas, quase azuladas resplandeciam sob a luz ténue dos lampiões, num movimento sinuoso e lento. 

As adolescentes Humanas estavam surpreendidas com a beleza de uma espécie tão preciosa, especialmente no centro da Cidade de Petrybloom. A borboleta pousara precisamente na varanda, e elas puderam ver os "olhos fantasmagóricos" que faziam parte do padrão das suas asas. 

- Só o Altíssimo podia criar tanta beleza numa criatura tão pequena! - Exclamou a artista do Tar  persa. 

O eunuco sentiu-se inspirado - uma vez que ele podia alcançar, do ângulo de onde ele estava, o perfil do estranho artista, muito parecido com o rosto da sua senhora - a recitar este poema

O que és tu, O que és tu, 
Uma visão, um feiticeiro que transforma papel
Em maravilhosas borboletas, 
Alá criou-te, formoso djinn, 
Gemmyarkan, os teus olhos são jade, 
Emprestaste à Lua a cor branca da tua face, 
Homem glabro que oferece a pagã amizade, 
Numa noite de Outono, eu vi-te, e pensei que o que 
Me foi cortado há muito voltou a crescer, 
E o que eu não sou, começou a aparecer!   

- Abu Nuwas iria ficar orgulhoso se vos ouvisse, eunuco! - Exclamou a aia que ajustava o saree  da sua senhora. 

Uma voz ecoou no meio do jardim de amendoeiras e de pessegueiros, uma voz que embora fosse claramente uma voz masculina, tinha um sotaque muito parecido com o de Benzaiten, num Phetrkaträlam confiante: 

Deus dá pérolas a porcos, 
Os porcos ficam admirados, 
Eras tu uma criança à caça de borboletas,
Era eu outra criança à caça de pirilampos, 
Sob o Luar a iluminar o Outono quente, 
Um Outono sem chuva
E o reflexo do rio cantou aquilo que eu já sabia
Que eras o meu reflexo...! 

Um  coro tilintante de gargalhadas ecoou das três mulheres que ali estavam. Eram vozes cristalinas, doces, como o correr de um riacho puro e fresco.  O poema do "Kolmanatry da Caixa de Música" tinha feito com que as jovens relaxassem diante da severa Segunda Esposa do Emir dos Crentes.  

A Senhora Benzaiten conteve uma pequena risada. 

« Como o Senhor Criador de Todas as Coisas fez com que este Nortenho tivesse uma fala mais romanceada do que a do meu esposo, o Emir dos Crentes! Nortenho, deixai-vos esperar, que eu vou já agradecer-vos pessoalmente pela vossa companhia...» 

O eunuco tentou segurá-la, mas Benzaiten era muito mais forte que o escravo do Califa. Havia uns tantos dez eunucos, treinados em Marrocos.

Contudo, como se o pólen espalhado pelas asas graciosas e reluzentes das borboletas noctunas tivesse um efeito relaxante e soporífero, os dez eunucos bocejaram e caíram inconscientes passados uns minutos, entre as flores Outonais e as folhas de cores avermelhadas.

Até as próprias raparigas que estavam a acompanhar a Esposa do Califa adormeceram...

Ao roçar silenciosa e discreta a cauda nobre do saree  contra as últimas escadas estreitas que davam até ao jardim, Benzaiten encontrou um espectáculo algo inquietante.

As borboletas concentraram-se num exame esverdeado e azulado perto do Tocador da Caixa de Música. Este agora tinha o rosto oculto por um capuz avermelhado, escuro.

« Irmão... » Murmurou num tom quase carinhoso.  

« Benzaiten... »

« Arriscaste-te muito ao vir aqui... Dentro de uns minutos eu... »

« Sim... Eu sei que tens de ir tomar conta do jovem Shekar... Que ironia do Destino! » Comentou o homem a quem Benzaiten chamava de irmão.

Após um breve e misterioso silêncio, o homem com a caixa de música a tiracolo conteve uma risada amarga. Deixou que uma onibi-arij-kinnara pousasse nos ombros cobertos pela capa escura.

« O Himmayasdev pode ver o seu filho quando quiser, e eu tenho de recorrer-me a subterfúgios e a esquemas perversos para ver o rosto de uma das minhas netas! »

« A Mayu e a Misato sabiam o que estavam a fazer ao partirem para viver longe de ti...Não devias ter sido tão severo para com elas, irmãozinho! » Benzaiten começou a falar em Japonês num tom cínico.

Ao que o homem limitou-se a suspirar. Sob a luz da Lua e dos lampiões, confirmar-se-ia as suspeitas: a Esposa do Califa tinha a mesma altura que o "Kolmanatry".

Ryuketsu-Raijin pousou as mãos enluvadas, perfumadas com incenso nos ombros brancos, suaves da irmã.

« Nascemos no mesmo dia, eu uns minutos mais tarde do que tu...Somos  irmãos, Benzaiten! Devias contar-me ao menos onde é que a filha do Rajnustk Bre'Ziziki costuma banhar-se no Inverno...»

Sob a fraca luz dos lampiões dos jardins de bronze, os olhos verdes, claros, outrora amáveis e aveludados da feiticeira tornaram-se frios, austeros.

« Ryuketsu... A Padmaztallityï  Bre'Ziziki não passa de uma criança... Vingar-me assim do meu enteado...! Aonde é que está a honra num acto tão cobarde? »

« Tu própria disseste que detestavas o Rajnustk e os seus avanços patéticos... Além disso, eu preciso daquela criança...O Hibiki nunca iria deixar que eu me aproximasse da sua sobrinha... E a outra filha da Mayu é guardada dia e noite pelo teu querido filho bastardo! » Uma das borboletas aproximou-se do lampião enquanto o Onisamatzeka falava.

De repente, um pouco de gás soltou-se da lâmpada, e o shikigami soltou um grito estridente. Contorceu-se com as asas queimadas. Os próximos três minutos devem ter sido dolorosos para a criatura, pois ela caiu lentamente ao chão como uma pomba abatida.

Uma pequena poça de sangue sombrio e quente foi iluminada pelo lampião, que emitia uma luz azulada, fantasmagórica.

Benzaiten cuspiu para o que restava do shikigami. 

« Raptar uma criança para saborear uma vingança por causa de uns comentários sórdidos e insultuosos...Ryuketsu-Raijin... Se alguém descobrir que és meu irmão, nós... Todo o nosso clã pode vir a perder com isto! »

O feiticeiro acariciou com a mão o ombro da irmã, num gesto fraternal e inocente.

« Não seria a primeira vez que os Di Euncätzio arriscariam os pescoços para mostrar ao Bre'Ziziki o quanto os nossos antepassados ainda são dignos de veneração e respeito! » Disse o feiticeiro num tom convincente e polido ao falar em Bellante do Norte.

« De qualquer maneira... A filha do Rajnustsk, o filho mais velho do Himmayasdev... Não é todos os dias que ela anda acompanhada pela Sacerdotisa Sikataarij'Aka Arujna ou pela tia, aquela Hye-Iseul Bre'Ziziki...! Durante o Inverno, ela gosta de dar umas escapadelas com o cavalo Surya às Fontes do Bênção... Se fores pela "Rota dos Peregrinos", será mais seguro...»

« Foi a própria Princesa quem contou-te isso? »

A voz de Benzaiten permanecia calma ao falar. Um sorriso malicioso iluminou o seu rosto magnético, triangular e pálido, no meio da penumbra dos jardins perfumados.

« Ryuketsu-Raijin...Toma conta da Padmaztallityï... Ela é uma menina energética, bondosa e corajosa...Um homem como aquele Rajnustk jamais compreenderia a bola de energia quente que a Padma é...! »

O feiticeiro inclinou-se numa vénia formal, enquanto fazia com que as borboletas se transformassem em meros pedaços de papel. Estes voaram, como que carregados por um rajada sombria, gélida! Ryuketsu Raijin Kato conteve uma pequena risada:

« Que os Deuses estejam contigo, Benzaiten... »




domingo, 18 de janeiro de 2015

Califa Onisamatzeka

Um Mundo Tanto de Luz como de Escuridão - Ou o Califa Onisamatzeka 

Prólogo Histórico

Numa época em que mal se falava sobre o Clã Bre'Ziziki em 1226, Shajaaka, o II do Clã Muçulmano Shajaaka, casou-se com a jovem filha de Arij-Çarvnatr, a Senhora da Ilha Tartaruga Flutuante de Jade, no Sudeste da Bellanária. Badrya-Asharadinwada queria escapar ao enleio com o Terceiro Filho de Yekatörya Di Euncätzio.  




Nessa altura, só existia o Caminho do Peregrino e a Ponte do Senhor Xorunash ainda não fora construída. A floresta de Xorunash era imensa e o rio S'vnark' era forte, de tal forma que a cascata por onde caía era chamada "Mandíbula de Saburou Di Euncätzio". 

Nessa altura, doze anos depois, um filho ilegítimo da Princesa da Luz - a filha do Califa e da Rainha Badrya-Asharadinwada - e de Yasunori Saburou ocupou o trono do  Califado.  Ficou conhecido como o "Ajaw Onisamatzeka", o Rei Onisamatzeka. 

Esses cem anos foram conhecidos pela "Avalanche da Magia Negra", até que Mokuren Hime restabelecer a paz com um exército tanto Budista como Muçulmano, em 1340. 

Em 1350, fundou-se o Clã Bre'Ziziki, uma aliança entre clãs Humanos Muçulmanos do Norte de África e do exército de homens e mulheres do Nordeste Asiático com os descendentes do Clã Shajaaka.  

Durante estes anos prósperos - em que a agricultura era rica e o comércio entre o Califado e as outras regiões Imperiais alargou-se - e por muitos mais séculos - Petrybloom permaneceu fiel aos ensinamentos de Arij-Çarvnatr. O Emir de Petrybloom permitiu que as várias religiões proliferassem pela região Este mais nortenha do Império Bellante. 

No ano Católico de 1700, o Califa Himmayasdev tentou destruir um pequeno sanctuário em honra ao filho "Desconhecido" de Yasunori Saburou.  O Emir dos Crentes acreditava que aquele sanctuário, localizado nas Florestas de Xorunash não passava de uma fachada para que os "Seguidores" dos Di Euncätzio tentassem conspirar contra o Clã Bre'Ziziki.  Muitas foram as testemunhas que alegaram ter visto uma luz arrepiante, esverdeada a surgir do centro do templo Budista a honrar os restos mortais do Di Euncätzio. 

No meio da floresta, o santuário podia passar despercebido pelas suas cores amadeiradas e uma altura de quatro metros, uma ninharia quando comparado com as árvores do clima mediterrânico da floresta. Havia uma pequena estátua a representar uma figura da Senhora Swertyhina de oitenta centímetros a amamentar um Onisamatzeka recém-nascido e uma laje em pedra em honra ao "Califa Onisamatzeka", com carácteres antigos em Bellante do Norte. 

Uma espada comprida, elegante, de uma bainha preta, estava pousada junto ao incensório dedicado ao filho desconhecido de Yasunori Saburou. 

Havia nessa altura uma canção que tinha como tema os sobrenaturais fogos-fáctuos da Floresta de Xorunash', "As Luzes de Petrybloom". 

E como os corações se unem, 
Ao ver o Sol a nascer por detrás das montanhas, 
As flores de pessegueiro e de amendoeira a sorrirem, 
Anda e desata as correntes dos meus pés, jovem Muçulamno, 
Eu, a  que adora a Mãe das Aranhas, 
Eu, a que adora dançar durante a Vintena Naggaina!  
A que corre pelos Caminhos Antigos de Enok' e de Hideyoshi! 

Era assim uma das estrofes da canção... A canção narrava a história de uma jovem que morrera de amor por um princípe Muçulmano.  A canção terminava "como adoro o meu Princípezinho, mesmo sendo uma luz no meio da noite".  Por vezes, eram as jovens dos bordéis de Petrybloom que a cantavam,  por vezes eram os Kolmanatry que dedilhavam a sua melodia hipnótica de acordo com um alaúde com uma flauta doce e sedutora, ou sob o ritmo melancólico, dramático de um bi-wa. 

Himmayasdev teve cinco filhos, de entre os quais um era filho ilegítimo de Benzaiten, uma Onisamatzeka misteriosa, mas com um coração misericordioso. Tal como o seu nome indicava, Benzaiten era uma devota amiga da música que gostava de cantar e tocar o seu koto de treze cordas para o seu senhor.  

Foi numa noite de Outono picturesca, sedutora, quando as flores dos crisântemos estavam no seu esplendor, uma Lua em crescente sorria, como se estivesse pintada em cal. Um estranho calor abafava as salas do Palácio do Emir de Petrybloom, e Benzaiten, a Segunda Mulher do Califa, espraiou-se na ala Nordeste do palácio, numa varanda com vista para a Lua e para as estrelas. 

Uma jovem aia tocava um alaúde Persa - um tar  de quatro cordas, dentre as quais três eram duplas - enquanto um eunuco aquecia na varanda um braseiro em forma de dragão. Uma escrava adolescente de cabelos fofos, da etnia dos povos do Sul da Bellanária, estendeu uma terrina de prata com o corpo gordo e tenro de um faisão. A Esposa do Califa estava desculpada por comer um prato de carne tão luxuoso, uma vez que este não era o mês da abstenção. 

As duas lamparinas suspendidas na varanda davam ao rosto da Senhora Benzaiten um ar gracioso, mas ao mesmo tempo, intimidante, como se ela fosse feita de mármore. O silêncio era quebrado ora pela voz de Benzaiten a cantar em Bellante do Norte, ora pelas duas raparigas a cantarem em Phetrkaträlam. 

Benzaiten cortou um pedaço generoso do faisão. Ofereceu um pedaço de carne com as mangas do saree - mangas essas seguradas por outro eunuco - à pequena artista e sorriu. O seu saree era tão elegante e comprido que roçava e fazia um som metálico com  as flores de metal sempre que esta fazia o mínimo gesto. 

« Toca-me as Luzes de Petrybloom, minha querida... » 

A artista do  tar  engoliu em seco. 

« Peço imensas desculpas, mas essa é uma música a qual não me é permitido dedilhar, senhora. » 

 Ao que os olhos da aparentemente jovem senhora do Califa dardejaram num tom ameaçador. 

Quando estava para dizer à adolescente para começar a tocar, um barulho metálico começou a tilintar, a ecooar pelos jardins do palácio. Era a melodia das  Luzes de Petrybloom...! 

Como a música parecia encantadora, Benzaiten cortou um pedaço ainda maior da carne de faisão e ordenou que este fosse oferecido ao vulto que tocava a caixa de música, sob a sombra de uma das laranjeiras.