domingo, 29 de maio de 2011

Espelho, espelho meu: há uma bruxa neste eu?

Uma perguntinha: já alguma tiveram como comentário ou mensagem "O senhor/senhora não devia postar isto porque é controverso, politicamente incorrecto e vai contra as leis do seu país?"

Eu já. Sabem que só por causa das minhas histórias no deviantart, tive imensa gente a dizer que eu era maluca, que eu devia ser mesmo uma bruxa, e que devia mas é parar de teclar no computador, porque nunca se viu uma portuguesa burrinha a escrever sobre mundos que têm erros gramaticais na tradução, falta de imaginação e má estrutura de personagens.

Até acredito nessas palermices, mas se me disserem que os meus vilões Nazis são uma desculpa para me armar em Santa Madre de Calcutá e defendê-los, eu juro que mato alguém!

Quer dizer: uma pessoa já não pode brincar com nada? E depois, há tantos ditadores no mundo (alguns fingem serem democratas), qual é o problema de falar sobre a verdade? Ah, pois é, a verdade dói, não é minhas senhoras "justas e que sofrem pelo Holocausto". É que Israel tem um programa de armas nucleares e a Itália tem aquele problema do Berlusconi. Não vou falar da Polónia, porque esses, são os que sofrem mais.

Falam como se eu fosse uma bruxa, ignoram-me, fazem de conta que eu não existo. Entre outras palavras: estou farta do deviantart! Se alguém é escritor, ou tem de ser uma estúpida de uma loura qualquer que só saiba escrever sobre "rpg"s - vocês sabem, aquelas coisas inspiradas na época medieval ou no "Senhor dos Anéis" ou em coisas ainda mais idiotas. Eu até gosto de RPG, eu sou uma fã de anime e gostei imenso do filme.


Há artistas para tudo. Mas, pomos uma brincadeira tipo aquelas revistinhas pornográficas dos Anos 70 ou uma cena picante do Assassino do Amor, e há uma rapariga a dizer: "Ele não era sexy!" Eu também nunca disse isso!

Ora que essa. O meu nome no deviantart é Princesshamanarta, baseado num dos nomes das deusas que eu criei para a Bellanária. Portanto, as pessoas pensam que eu sou cor-de-rosa, uso sapatos de salto alto e sou um zero á esquerda a Inglês. Encontrei pessoas fantásticas no deviantart. Muitas delas ainda são minhas amigas. Outras, simplesmente ignoram os meus comentários, e não olham para o meu ID, cartão de identidade virtual a cores com uma fotografia óbvia para esclarecer que sou uma bruxinha.


Conclusão disto tudo: nos meus blogs em Português, digo que sou uma bruxa (Tifon é o nome da família de bruxos mais importante na minha história da Jessica) e toda a gente gosta de mim. Digo que sou uma santa - como sou - no deviantart, e as pessoas pensam que eu sou um diabo.

Isto não tem um toque de ironia? As pessoas no deviantart pensam que estou possuída pelas minhas próprias personagens. Falta um pouco para eu mandar estes tipos à fava e desactivara minha conta no dA.

Que pensam vocês disso? Eu sou o tipo de pessoa que seja uma bruxa seguidora de Nazis mortos ou uma fada?

terça-feira, 3 de maio de 2011

A Bela Fragrância e Azul Esverdeado ( 2ª parte )


Estava con vontade de continuar isto ( http://tifon-ogritodaverdade.blogspot.com/2010/10/bela-fragrancia-e-azul-esverdeado.html ) , até porque hoje deram-me um excelente feedback...Ai, vida mergulhada da escrita, preguiçosa nos estudos!


O nariz afincado do samurai sem senhor pressentiu algo no ar, e rapidamente, retirou da bainha a sua espada de madeira. Podia não ser lá grande coisa, mas de uma coisa o Cocheiro sabia: continuava a ser um grande espadachim, e tinha a certeza que, se alguma das crianças o tivesse conhecido em jovem, ambas concordariam que ele era a melhor escolta e guia para um sítio inóspito e inseguro, cheio de mistérios, como a Bellanária.

- É melhor ir andado, pequenos senhores. – Disse ele, na sua voz grave, e tenebrosa, mas com um certo tom bondoso. – Quanto mais depressa chegarmos a Cyborg Town, melhor.

As faces triangulares de Fen Li coraram um bocado de receio, apertando-se sobre o seu manto, enquanto o guerreiro de cinquenta e dois anos guiava-os, a eles e aos cavalos até à principal estrada de calçada, que era a mais leal e segura de todo o reino, uma vez que dava até aos arredores da cidade.

Imediatamente, à medida que iam avançando pelo caminho, de facto, já se viam mais casas e poucas árvores, o rio acalmava cada vez mais, e de facto, a paisagem era muito mais agradável que sobre as montanhas dos Alpes das Sereias.

Haviam várias oliveiras, sobre um campo dourado de trigo. Era como um enorme aglomerado de algodão doce para a menina, que achava aquilo lindíssimo; os framboeseiros e cerejeiras enchiam todas as pradarias, que existiam no vale, enquanto as vinhas estavam ainda no pousio, fazendo um enorme campo branco e vermelho, como que num sumo de groselha, e, os campos de centeio estavam quase prontos, para que, no inicio do Outono, fossem colhidos.

As camélias recheavam as florestas e pradarias de um perfume que apenas poderia ser comparado com uma fragrância divina vinda do mel e das padarias, bem quentes, que faziam o pão.

A fronteira entre os Alpes das Sereias e Cyborg Town estava muito próxima, embora que Quing ainda se sentia desconfiada e apreensivo. Não acreditava sobre o que se dizia acerca da grande cidade atlântica. Com as mãos cruzadas, esperou até que chegassem até à fronteira, e certificar-se, um milhão de vezes, que a sua pequena irmãzinha estava a salvo.

O longo quipao que ela usava poderia muito bem colocá-la em ocasiões indesejáveis. Mexendo sobre a pequena espada afiada de cinquenta centímetros que tinha presa à cinta, tentou não dar muito nas vistas, quando entrou para o comboio. A cidade ainda ficava a uns bons oitenta quilómetros de distância, e não valia a pena perder mais um dia para lá chegar.

Mantendo a túnica chinesa castanha firme e simples de lã, com um cinto de couro gasto de há dez anos, o jovem reparou que o Cocheiro estava agora como revisor dos passaportes e guardião da segurança. Tentou ignorá-lo.

Afinal, estava apenas a fazer o seu trabalho…O comboio a vapor deslizava suavemente sobre os carris de ferro bellantes, e, à medida que se segurava naquele estranho transporte sem cavalos, o jovem aprendiz de guerreiro tentou falar com o velho samurai, e pedir-lhe desculpas pela malcriadez que tinha demonstrado nos Alpes das Sereias, mas não teve a coragem.

Por um momento, pensou vê-lo a sorrir, e Fen Li sorriu com ele, enquanto piscava os olhos para o novo dia, que agora, cintilava sobre as janelas de vidro; recostada sobre o veludo macio vermelho dos assentos do luxuoso comboio, ela pôde ver algumas fénixes a cantar, alegres, à medida que algumas ninfas dos rios, as naíades, acompanhavam as graciosas aves, dando pulos e saltos maravilhosos, como se quisessem imitar os golfinhos.

E foi aí, que ela, decidiu falar para com o samurai, de rosto deformado com enormes cicatrizes de guerra. Não tinha medo dele, quando olhava para os olhos azuis aguçados deste, pensava ver no coração dele uma alma justa e pura, que castigava os malvados, e ajudava os fracos.

Ao contrário do irmão, ela era sensata, e pensava duas vezes antes de julgar as pessoas.

Levantando-se com todo o maior dos cuidados, ela levantou a cabeleira negra com arames e ganchos preciosos de ouro – era impressionante como é que aquele rapaz poderia ser o seu irmão – e, agarrando-se a um dos assentos, perguntou, naquela voz doce:

- Falta muito para chegarmos até Cyborg Town?

- Não muito, talvez cheguemos adiantados ao horário. – Replicou o velho samurai, com orgulho e um sorriso raro no seu rosto rígido, amarelo, vendo-se que conhecia muito bem aquela ilha. – Daqui até lá é sempre a andar…!

- Como é que sabe? – Indagou, Quing, sempre do contra, e descrente, sentado inconformado, ainda de braços cruzados.

Encolhendo os ombros, o Cocheiro deu uma palmadinha amiga nas costas do jovem guerreiro.

Pela primeira vez naquela viagem, riu-se, e, Fen Li reparou que, à medida que se aproximavam da cidade, mais à vontade o samurai estava.

Isso era bom sinal.

Com um ar de contentamento, ele pousou os braços fortes e atléticos, brancos como a cal, sobre os assentos, e comentou, com uma risadinha amarela:

- Ora…! – Riu-se, mais uma vez. – Este comboio nunca falha, e nunca foi interrompido por nenhum bandido. Aliás, se eu não vos estiver a dizer a verdade, que me cortem a cabeça!

Nesse preciso instante, por causa de uma súbita travagem pelo comboio, uma das malas muito pesadas de um dos outros passageiros soltou-se das bagageiras, e, foi parar exactamente perto do pescoço do velho.

Ao verem pela janela o que é que se estava a passar, viram algo impressionante, uma estranha criatura, passeando sobre as ervas de esmeralda medicinais que existiam no rio, que era atravessado magicamente pelos carris de ferro inoxidável. Era um estranho homem, com patas de águia e torso e tronco e faces de homem, com uma cauda e asas de uma bela ave, escamosa, que, com um rabo de cavalo parecido com o que samurai usava, com o seu lindo cabelo verde encaracolado, tocava uma trompeta feita de algas e de jade, que reluzia naquele sol fantástico de Verão. A seguir a ele, vieram algumas naíades, irem cumprimentar os dois jovens com vários sagrados e divinos cânticos, até mais maravilhosos que um milhão de aves de toda a Floresta de Cristal. Várias Kinnaries, criaturas celestiais metade mulher, metade ave, com uma cabeça e peito nu de uma belíssima e encantadora donzela, ornamentadas com lindas joalharias de prata e ouro, tanto nas orelhas, como nos narizes, seios, pescoço de bege e amêndoa, coberto por várias jóias ovais de esmeraldas e safiras. Como se não isso bastasse, elas tinham o corpo inferior, patas e asas de cisnes, voando maravilhosamente em rasante pelas margens do rio Bênção. Elas eram conhecidas por serem excelentes nos seus cantos, em poesia, na dança, e eram as aias mais célebres e belas das Deusas. Embora os aspectos humanos tivessem cerca de, provavelmente, dezoito anos, as suas vozes eram mais de meninas travessas. Por estarem muito ligadas com as Deusas femininas, estes seres travessos não tinham idade, eram imortais. Com cerca de um metro e cinquenta e cinco, estas Fadas eram de uma beleza tal que até faziam com que lágrimas de alegria caíssem sobre Fen Li.

Havia ainda as lulas gigantes, que povoavam as profundezas do rio, os grifos e centauros que cavalgavam pelas pradarias, perto da floresta, que se dissipava mais, e cada vez mais Aosbelsi, os habitantes humanos da Bellanária, espreitaram pelas janelas das suas casas, para verem e cumprimentarem os dois jovens com grandes sorrisos, e não só. Os Bellantes tinham a tradição de receberem muito bem os visitantes.

Era um bom sinal, e Fen Li não descansou a ficar deslumbrada por semelhante comitiva de recepção.

Abanando a cabeça, evitando um sorriso, enquanto fungava de riso, o Cocheiro aproximou-se dela e comentou, contente:

- É lindo, não é?

- É…É…É maravilhoso!

Observando, admirada, aquelas belas criaturas que eram as Kinnaries, ela desejou poder ser como elas, e, quase naturalmente, sonhava poder ter asas de cisne, para que pudesse atingir os céus, e servir, honradamente, as Deusas, poder voar mais alto do que ser um mero objecto que os homens gostassem, ela não queria ser respeitada, e amada, por todos, …Mas parecia que esse dia jamais chegaria.