domingo, 8 de março de 2009

O Tigre da Falsidade


Quando toda a gente tinha acabado, só Rafael, Neptuno, Yermant, Samiel se encontravam naquela sala, todos uns ao lado dos outros, enquanto analisavam a situação.
Os olhos rasgados do feiticeiro oriental estavam completamente pasmados, e, fixando os olhos verdes de Samiel, (este, com uma cigarrilha na ponta da boca, estava mais satisfeito do que nunca), o japonês perguntou, com uma das suas espadas afiadas penduradas à cintura do roupão:
- Mestre Samiel, acreditai naquilo que vos digo; estou realmente estupefacto com tudo isto! – O sotaque honrado japonês notava-se na língua. – A Senhora Melnjar, que sempre fora uma dama respeitada, recatada e digna do seu título, uma governante corrupta?!... Nem pude acreditar nos meus próprios ouvidos mal aqueles homens rudes a agarraram: esperemos que o castigo seja apropriado para a senhora.
- Tenho a certeza que Sua Alteza marcou por fim o seu destino mal entregou as moedas à nereida encarregue de faz tal barbárie terrível à nossa querida Princesa Eleonora! – O Rei das Nereidas, Yermant Damanwo, quase que susteve a respiração mal engoliu em seco, completamente destroçado por tudo aquilo, servindo-se dum copo de Frambinam. Dirigiu-se, com um olhar extremamente preocupado e desonrado, ao rei Neptuno. – Oh, Majestade de toda a Divina e Grande Ilha, perdoai-me se as minhas filhas nereidas lhe causaram um sofrimento indescritível, pois este é um momento de terrível luto e vergonha para mim!
O rei da ilha pôs uma mão amiga e companheira em cima do ombro do outro senhor nobre, esboçando um sorriso meigo e misericordioso, abanando mais uma vez a cabeça.
- Não preciseis de fazer tal cerimónia, meu amigo. – Disse ele, sabiamente, apontando para cima. – Jetwas perdoa tudo e todos, mesmo a sua irmã que pecou, Ele a perdoará, e também abençoará os vossos arrependimentos e os das vossas irmãs, filhas e netas nereidas.
O Rei dos Magos, como era chamado o “Mestre Rafael”, colocou as suas mãos em forma de oração e fez uma vénia em direcção aos céus.
- Que os grandes e poderosos Deuses triunfem com a Justiça e Honra, é só isso que peço. – Pediu num tom de reverência.
De repente, uma voz mais nova falou de repente, uma voz igualmente heróica e premiada de júbilo e alegria.
- E que os Deuses abençoem o nosso casamento com sorte e amor para o resto das nossas vidas! – Indra abraçava a sua querida Eleonora, apertando-a contra o seu peito com a maior das felicidades.
Todos concordaram, soltando gargalhadas bem-dispostas, mas, quando iam festejar com um brinde de Frambinam, um cigarro foi deitado no cinzeiro, soltando um cheiro desagradável e abrupto, queimando de repente os corações esperançosos dos grandes homens. Todos ficaram espantados e assustados.
O rosto de Samiel olhou para os outros cinco homens com frigidez e cepticismo.
- Que bando de idiotas ingénuos! – Comentou o bruxo, acenando com a boquilha presa nos dedos, ainda a fumegar o fumo azul sinistro. – Aquela mulher não vai desistir enquanto não estivermos todos na banca rota e ela no poder, tal e qual como nos tempos em que Sua Majestade andava completamente às cegas, através dos poderes dela. E depois dizem que sou eu o bruxo.
- Agradecíamos imenso que calasses essa boca fedorenta e que, em vez de dizeres disparates, nos oferecesses, um dos teus famosos Frambinam de se tirar o chapéu. – Sugeriu Indra entre dentes, com um dos braços, agarrado ao da sua amada.
- Se quiserdes que nos retiremos da vossa senhoria, será um prazer delicioso, meu caro Mestre Samiel. – O feiticeiro japonês permaneceu calmo, embora tivesse uma grande vontade de desembainhar a espada. – Mas, por favor, dizei-nos duma maneira educada.
Neptuno logo impediu os outros cavalheiros de desembainharem as armas, com o seu tridente omnipotente, oferecido pelo Tsesustan em pessoa, e, ao erguer a sua arma de ouro, os outros homens logo se afastaram, conformados, mas contrariados pela malcriadice do Assassino do Amor. Eles sabiam que nada podiam fazer contra o poder do Rei autêntico da Bellanária, no entanto, sentiam uma enorme vontade de dar uma lição àquele ingrato, mal-agradecido bruxo de terceira categoria, que nem sequer lhes oferecera uma bebida antes de se irem embora.
O homem nem se despediu deles, e, mal os viu pelas costas, dirigiu-se, por fim, até aos seus aposentos, lançando pragas baixinho àqueles hipócritas patetas, guerreiros de terceira classe. Em breve, eles se aperceberiam que tinham sido pagados numa moeda falsa.