quarta-feira, 31 de outubro de 2007

31 De Outubro de 2005 - O Dia das Magias Negras...


Como hoje - daqui a umas horas - é a Noite do Dia das Bruxas (para os mortais) ou Dia das Magias Negras, para os Bruxos, decidi fazer um post ultimamente dedicado às Forças do Mal que actuam precisamente na terrífia noite do Dia das Magias Negras e que se divertem ao mesmo tempo: a Segura Polícia de Vigilância, ou SPV para abreviar.


Existem quatro grandes departamentos:



  • Departamento C;


  • Departamento Di5;


  • Departamento Judicial;


  • e o Departamento L;

Segundo o índice de contagem, existem ao máximo, 10.000 efectivos na SPV, o que é um absurdo, já que cada departamento geral conta com dois mil homens. Os restantes mil são os da liçações com SNI – encarregados das deportações.
O Departamento Di5 é o responsável pela economia e cofres do Estado.
Quanto ao Judicial (a verdadeira polícia), este está dividido em três sub-departamentos: vigilância fronteiriça e relações com o Palácio das Reuniões; Direitos Civis Atlantes, que determina as melhores leis para serem cumpridas caso haja ao que o Capitão Goldtheeth costuma dizer nos seus discursos na televisão como “objecções” e também se encarrega da propaganda ao reino da Serpente de Fogo; e o obscuro Departamento de Segurança, “comandado” pelo “Gineralo B” (ele está no Limbo dos Espelhos neste momento a cumprir pena, mesmo assim, consegue fazer o seu trabalho através dos seus suburdinados como “pombos-correio”), onde os assuntos mais negros e ancestrais da Magia Negra são tratados.


Esse nome do General B é apenas um nome de código, porque ele é só um primeiro tenente. Mas faz o trabalho tão bem como se fosse um general! Por fim, mas não menos importante, o departamento L é o que tem como menbros os carrascos implacáveis que matam, perseguem e torturam os Cyborgs. Também são eles os carcereiros do Limbo dos Espelhos. Considerando o facto que a Atlãntida tem como população treze milhões de habitantes, a SPV poderá parecer a sombra da mão negra que governa com tirania e hipocrisia a Atlântida, mas as pessoas pensam que ela é enorme, porqe a polícia pode contar com um incontável exército de espiões, colaboradores e informadores por todo o país. Assim sendo, ninguém pode estar seguro em lado nenhum. No entanto, o meu primo Coutinho puxou uns cordelinhos para que a SPV fosse mais branda. Como assim?
Bom, eles nunca ferem os Bruxos nem os Demónios. Que reconfortante, não achas?
Ele no fundo detesta a SPV, porque eles andam sempre a bajular a Serpente de Fogo, e isso lembra-lhe os tempos das SS e da Alemanha Nazi, e só de falarmos nisso ao primo, ele fica mais pálido do que um fantasma!O mais estranho é que, à excepção do Goldtheeth, o General B não responde a nenhuma ordem vinda dos Fuinhas, nem dos Oficiais Principais, e nas suas cartas que ele envia à Serpente de Fogo, que são vistas pelo Primo Coutinho, são seguidas por um seguinte padrão: “Como queirais, Vossa Majestade!”; “Assim o farei, se a Princesa o desejar”; “Irei tratar pessoalmente do assunto, Vossa Majestade”; “Sim, senhora minha”; “Sim senhora!”
O resto dos outros, têm um medo de pelar do general (já para não falar de Goldtheeth, mas a maior parte até o chama de “Mano Eddy”), e ele nunca é visto em público, ou a passear na sua limusina, não! Alguns oficiais normais dizem que ele passa a vida a trabalhar no Anel da Serpente.
Mas isso é impossível! Também não os invejo, aos homens da SPV, é claro.
As bruxas não são admitidas, e só os bruxos mais implacáveis e competentes de toda a Atlântida são escolhidos para «...servir e defender com a maior honra e bravura a Rainha de Fogo...».

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O Mestre do Disfarce e da Sedução

Após várias horas e horas de investigação, a falar com os criminosos, traficantes e deuses mais corruptos de toda a Atlântida, mal iam desistir daquela busca inútil, quando o encontraram.
O Assassino do Amor refastelado numa sombria esplanada mesmo escondida do sol da tarde, admirando o seu bonito casaco novo amarelo escuro, pois tinha estado a dormir até ao meio-dia nos últimos dias, preparando o seu disfarce para vir à rua sem ser notado ou caluniado pelas más-línguas. Estava agora verdadeiramente esplêndido e elegante, dez anos mais novo. Tirou com incomparável requinte as luvas sarapintadas de castanho e amarelo brilhante de pele da píton do Vale da Morte (hoje extinta) e começou a dar festas na cabeça fofa do seu gato malhado, lambendo os beiços muito satisfeito, enquanto pensava no seu próximo crime.
- Ele ainda não comeu! – Disse Anúbis aliviado. – Tenha cuidado, mãe!
Ele fica sempre um pouco cego depois de arranjar um novo disfarce e é muito rápido no ataque.
Samiel ao contrário dos que as pessoas comuns pensam, não era de se dar com bruxas ou com mulheres fáceis. Na verdade, quase desprezava as antigas feiticeiras praticantes da magia negra por achá-las covardes, mas a sua força residia no seu abraço. Mal ele lançasse sobre qualquer rapariga aquelas garras afiadas desumanas, nada mais havia a fazer.
Anúbis tentou um sorriso para o poderoso bruxo e tirou a cabeleira falsa típica dos egípcios, como forma de comprimento.
- Boa caçada, ò grande Mestre Samiel! – Saudou baixinho.
Como qualquer mago branco, o Mestre Samiel era um pouco surdo, e a princípio não ouviu nada. Através das gerações, essa surdez iria desaparecer, e, de facto, nós, Bruxos, temos uma audição perfeita.
Depois, levantou-se e ergueu o famoso florete para qualquer eventualidade, e baixou a cabeça confiante.
- Boa caçada para todos nós, - Respondeu ele – Oh, Anúbis! Meu rapaz, o que estás a fazer por aqui?
Suspirou fundo, como se não fosse o criminoso mais procurado de toda a Atlântida e sentou-se de novo, embainhando a espada cuja tantas vidas tinha ceifado.
Com um olhar presunçoso, disse:
- Pelo menos um de nós precisa de comer. Há por aí alguma notícia de caça à vista? Uma garça ou talvez mesmo uma corça? Estou tão vazio como um poço seco.
Samiel sabia quando deveria ser um assasino implacável sem coração e quando deveria ser um respeitado membro da sociedade. Quando se encontrava com deuses e estes lhe desejavam boa sorte para a caça, não hesitava em ficar bem visto pelas gentes e saudar os deuses e nobres da mesma forma bem educada. Nesses tempos remotos, até os deuses iam para caçar e celebrar os seus grandes festins. Rwebertan Samiel Di Euncätzio não era excepção, só que, para além de presas animais, ele caçava raparigas indefesas. Só as deusas ficavam imunes ao seu enorme poder.
- Eu estou a caçar. – Disse Anúbis negligentemente. Ele sabia que não devia apressar o Assassino do Amor. Tudo o que aqueles dois não queriam era um massacre.
Assim, a atenção de Samiel foi captada para o que os deuses lhe estavam a dizer. Levantou-se de rompante, pegou no florete, fingindo-se entusiasmado e esboçou um sorriso que não passou além do canto dos lábios secos.
- Dai-me a permissão para ir convosco. – Disse contente. – Um sopro a mais ou a menos para vós, grandes deuses, não é nada, mas eu, eu tenho de esperar dias e dias a fio, numa vereda do bosque escondido, e de noite disfarçar-me com o nevoeiro da meia-noite na expectativa de uma jovem corça perdida do resto da manada.
A bainha prateada bateu com uma força igual a um leve tremor de terra no solo, só para veres o quão forte era Samiel Di Euncätzio numa idade tão tenra, pois um bruxo comum de trinta anos é considerado como um adolescente humano de vinte.
Era certo e sabido que o feiticeiro estava um pouco mal-disposto porque a sua “corça” tinha fugido. Mas logo ia apanhá-la.
- Raios! A louvável Floresta de Cristal já não é quando no tempo da criação da nossa Atlântida. – Exclamou tristemente. – Quando era um rapaz de cinco anos, recordo-me perfeitamente de tremer só de vir para aqui.
- Talvez a tua fome tenha a ver com esse assunto. – Insinou Anúbis, contendo o riso. Ele sabia como o bruxo devastava a maior parte da floresta para encontrar algo que se comesse.
Samiel por seu lado, ripostou sarcasticamente, com um tom vaidoso:
- Ora que essa! Já agora também tenho culpa que Neptuno tenha a barba do comprimento dum carvalho...Eu sou belo e um fantástico caçador, não um destruidor de florestas lunático. A culpa é do nosso rei ignorante, que chama ao meu dom natural de culto do Diabo, uma coisa que não me atrevo a tocar. Para além desse velho senil, existem aquelas marotas das criadas de Eris, algumas fadas. Na última vez que me arpoximei dum bando delas e fiz um desajeitado som, dispersaram-se e chamaram-me os nomes mais horríveis que se pode imaginar.
- Como Deus da Morte e Diabo Pálido? – Interrompeu Anúbis à medida que entravam na limusina preta de Samiel.
Na Atlântida, no ano 20.0034 A.C, já existiam carros, tais como outras tecnologias indispensáveis. A maior parte dos grandes inventores mortais foram descendentes de atlantes. A nossa moderna ilha até teve a desgraça da Guerra Atómica em 30.000 A.C, e é por isso mesmo que o Vale da Morte se chama assim. Em tempos foi um sítio altamente radioactivo, agora em 2005, já não se ouve falar dessas coisas. Até havia aviões e metros sofisticados nessa altura, por isso não te espantes de eu te falar da limusina do Assassino do Amor.

sábado, 20 de outubro de 2007

Confiança numa Traça....

O Assassino do Amor era, tal como a maior parte dos leitores constatou, um ardiloso manipulador político no Palácio das Reuniões, de tal modo, que até tinha espiões a trabalhar para os seus espiões. Estes segundos mandariam a informação para os homens que trabalhavam no seu castelo, até estaser entregada a Jerininantus, o protegé e braço direito do Mestre Samiel.
Estou a falar-te dum verdadeiro terrorista em pleno Ano 9666 a.C, que tinha ouvidos e olhos por toda a parte!
Mas em tempos de desespero, ele era o único homem a ter os meios e homens disponíveis para salvar o dia.....

A Princesa Sarvahdinada Arco-íris, filha mais nova do fundador da Atlântida, o Imperador Neptuno, famosa já pela sua bondade e beleza, sonhou uma traça que lhe contara acerca duma sereia escrava de Eris perdida nas Florestas de Cristal. Porém, Neptuno intrepectou isso como se fosse exactamente o que Samiel lhe tinha dito na sua carta.
Por isso, este mandara dois enviados especiais para procurar as dríades.
Um deles era um deus egípcio guerreiro de olhos castanhos e uma pele morena e castanha-escura que faria lembrar um muçulmano. O nariz grande e curvo era o ponto mais bizarro no rosto quadrado, mas o seu sorriso agradável aparentava uma alma preocupada com os outros. As vestes castanhas e vermelhas que usava combinava com os invulgares chinelos escarlate frescos, e à medida que andava, apoiava-se sobre um bastão com uma cabeça de chacal.
Era Anúbis, o deus embalsamador e guardião das portas do Vale da Morte.
O outro ao seu lado era uma mulher particularmente bonita, com o cabelo negro cortado até ao pescoço, maquilhagem um pouco exagerada e uns belos lábios carnudos pintados de beje, com vários adornamentos no corpo quase nu tapado por uma túnica branca e transparente. Com ela, vinha uma pequena fada estrangeira, que trabalhava para ela. As mulheres não podiam vir sozinhas à rua, por isso, ou iam acompanhadas por uma escrava ou pelo marido, pai, irmão ou filho mais velho.
Néftis era o nome daquela deusa magrinha de um metro e setenta e oito, divorciada do malvado deus do caos Set e mãe de Anúbis, andava cautelosa entre as pernas de corça, a tremer dos pés à cabeça.
Como mãe, estava assustada pelo seu filho, e como mulher, tinha medo que caísse nas garras de outro homem perverso. Apertou-o firmemente nos seus braços carinhosos e conteve as lágrimas.
- As nossas princesas eram tão lindas, olha no que tornaram graças às dríades e aquelas fadas: não são as mesmas de outrora, vagueiam como almas penadas! Uma faz barulhos do Além, outra até parece um demónio! – Disse ela enquanto passeavam pelas Florestas de Cristal.
Anúbis, habituado às mais bizarras formas fantasmagóricas porque caçava muitas vezes pela Fronteira com o seu padrasto, Seth, não achou a floresta perigosa e, protegeu a sua mãe com o pesado machado longo, sorrindo afectuosamente.
- Minha mãe, e que tal se formos procurar o Mestre Samiel, aquele que rouba irmãs e netas às ninfas de noite? A mera insinuação do seu nome regela as suas mãozinhas de alabastro!
- O que fará ele por nós?! – Perguntou ela em tom ansioso. – Não é da nossa classe porque não sabe o místico segredo dos deuses e com aqueles olhos tão demoníacos...
Apesar de todos os avisos da mãe, o jovem deus de dezassete anos manteve-se calmo e distanciou-se do regaço sensual da deusa de trezentos anos.
- Ele é astuto e sabe fazer poções. Além de tudo, está sempre esfomeado por comer qualquer coisa. – Disse esperançosamente. – Querida mãe, por essa mesma razão, seja corajosa e prometa-lhe algumas das suas escravas. É um homem que se contenta com pouco: fantasmas japonesas, ondinas e sereias são geralmente as sua vítimas, nada vos acontecerá.
- Ele dorme durante um mês depois de ter executado a sua sede de sangue, pode estar a dormir neste preciso momento! Mas mesmo que esteja acordado, e se ele preferir matar as suas próprias escravas? – Respondeu ela rapidamente.
Néftis, que só tinha ouvido falar de Samiel pelos mexeriqueiros das fadas, estava, com toda a sua sinceridade, desconfiada.
Anúbis era um rapaz muito curioso, bravura e artes de guerra não lhe faltavam, muito menos à sua mãe. O problema é que, por vezes, a alma do homem é mais forte que o da mulher, assim, comprendendo a fragilidade de Néftis, este primeiro aconchegou-a junto ao seu tronco forte e másculo e respondeu tranquilo:
- Então, nesse caso, a mãe e eu juntos, guerreira dos desertos, podemos tentar fazê-lo chegar à razão.
Ambos se afastaram, depois daquela conversa positiva, e foram procurar o temível Assassino do Amor.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

"Lar ...Obscuro e Negro Lar!"


Toda a gente, quer seja bruxo, demónio, cyborg, mago, deus, fada, ou outra criatura, tem a sua respectiva casa, aquele lugar em que nos sentimos mais à vontade. E o Mestre Samiel não era excepção...Como veremos neste texto...




Castelo secreto negro, algures no Vale da Morte, conhecido por ser perto da Fronteira e Cyborg Town, ouvem-se elogios amorosos falsos e palavras carinhosas sussurradas pelas paredes. Num quarto amplamente fechado sem janelas, um homem alto com um metro e noventa e três, rosto oval e olhos penetrantes como as íris de um réptil, de trinta e seis anos acaricia com os seus dedos anormalmente ossudos uma beldade em transe.
Subitamente, ouve-se uma trémula batida nas portas negras de alabastro que parece quebrar aquele silêncio inquietante.
- Entre. – Responde o estranho homem friamente.
As portas abrem-se ao de leve, e entra outro homem, com várias semelhanças ao segundo, contudo, mais bem parecido e mais novo.
Antes de se dirigir, o homem de pé faz uma vénia silenciosa e, juntando as pernas, fica em sentido até novas ordens.
A voz grave e ameaçadora como uma tempestade do homem na cama faz-se ouvir mais uma vez:
- Ah, és tu, Jerininantus! Passou-se algo de urgente? Para me vires incomodar a estas horas...
O tal Jerininantus treme um pouco, no entanto, o seu sangue frio mantém-se, curva-se ainda mais, baixando-se de joelhos e com olhar matreiro.
- Meu senhor, tenho boas novas que decerto vos animarão mais do que a rapariga que tendes agora em vosso poder. – Comenta ironicamente, contendo o riso. – Contudo, não posso dá-las aqui....Não é apropriado...
O senhor do rapaz de vinte anos olha maliciosamente para Jerininantus.
- Ah! – Exclama sarcasticamente. – Entendo.
Mal disse aquelas palavras, o bruxo anulou a conjectura do encantamento, e, num breve estalar de dedos, as portas abriram-se por si próprias, rangendo como fantasmas da noite. A pequena náiade abriu os olhos muito assustada e correu o mais depressa que pode para a saída do quarto, consciente do perigo que corria nas mãos daquele psicopata.
O senhor do castelo olhou uma última vez para ela, encolhendo os ombros, qual lobo confiante da sua vitória.
- Ela não irá longe... – Diz com naturalidade. – Mal saia do castelo, será apanhada pelos outros.
Esse tal homem ainda na cama é Rwebertan Samiel Di Euncätzio, que acabava de terminar a famosa virgindade duma das damas de companhia de Eris, uma bonita sereia.
Já sentado no banco de trás na sua limusina vestido a preceito de preto, com o chapéu bicudo de bruxo a tapar por completo o seu rosto disforme e luvas de pele requintadas assentadas para cobrir o horror das suas garras, virou-se para o motorista, Jerininantus, um seu antigo homem de confiança.
- Fazes ideia se o velho tolo Neptuno e as suas duas princesas estarão no julgamento da sereia? – Perguntou num tom opurtunista.
O motorista sorriu da mesma forma traiçoeira que o seu amo, rindo-se estupidamente da pergunta e fazendo sobressair os seus dentes de coelho fiel e pronto a servir.
- Claro, meu senhor! – Respondeu ele divertido. – Toda a elite de deuses e nobres vão estar lá, só porque vós lhes dissestes em vossa carta ontem à noite que a culpa era da rapariga.
Mais uma vez, o dedo indicador passou carinhosamente pelo pêlo sedoso e suave do gato, fazendo-o ronronar satisfeito.
Contente, soltou uma risada maníaca e comentou em tom irónico:
- Sei! E o mais caricato desta situação é que nem Nossa Divina Majestade desconfiou da minha letra! Eh, eh, eh...
O que eles estavam a falar era, de facto, verdade, pois com os seus inigualáveis talentos de sedução e manipulação, Samiel Di Euncätzio desferira outro golpe: através de abraços enamorados no apartamento da menina de dezassete anos, convencera a sereia a trocar o copo de água de Eris por uma poção altamente tóxica que a faria cuspir aqueles sapos todos dentro de dez minutos, tempo suficiente para Samiel se lembrar das palavras mágicas para se fazer ouvir em todo o auditório. E mais, ainda conseguiu, para além da morte da cantora, 36 feridos e três mortos por causa daqueles animaizinhos terem uma pele igualmente venenosa. Ele sabia que a rapariga escrava, e ainda por cima mulher, não teria direito a fazer ouvir os seus direitos, portanto, não só se safaria daquele crime, como também limparia o bom nome, para assim, subir a posições políticas e aristocráticas no Palácio das Reuniões.

O Legado de Eris às outras Bruxas...


Desta vez, falarei do amor ardente que havia entre o Mestre Samiel e Eris. Sim, em tempos de adolescentes eles não eram nada descabidos em relação ao seu amor.

Aliás, o Assassino do Amor fez perder a virgindade à nossa primeira "femme fatal" de todos os tempos.

O vingativo e dramático vilão com a bela e maliciosa mulher. Este conhecido par foi referido em muitos filmes, livros e peças de teatro, mas nunca outro foi tão espantoso ou trágico como o grande Rei dos Bruxos e a Deusa do Caos. Quer dizer, ela foi a primeira bruxa na história da Dimensão Mágica e ele o primeiro bruxo. Nas suas orgias ardentes, o seu amor era proíbido, contudo, os dois jovens continuavam a encontrar-se. Neptuno, tio de Eris, exigia que esta se casasse com um homem que ela não gostava, mas o Mestre Samiel era o homem com que ela sempre sonhara. Ele tinha muitas mulheres, mas só gostava verdadeiramente de Eris.

Por outras palavras, idolatrava-a! O jovem Sami, já sonhando tornar-se no Rei da Atlântida, um dia, sussurrou-lhe no ouvido enquanto a levava a passear numa noite linda em Cyborg Town:


«Vede: tudo isto é vosso, minha rainha. E em breve, darei-vos um trono digno da vossa beleza, junto a mim, ao vosso senhor e servo!»


Ela, a brincar, riu-se, e, sentando-se ao colo forte do "Anjo Samiel", como ela antes o chamava, disse num tom trocista:


«Vós, meu amado Rei, sois o meu trono mais garboso!»


Que, de outras aventuras amorosas e deleites passados à surdina da noite não se espantasse aquele se ouvisse palavras ditas com tanto carinho por um par mais escandaloso como Samiel e Eris.

Mas eles amavam-se, e amavam-se de verdade, era tudo o que interessava para os dois jovens de dezoito anos.

Para todos os deuses, seria a vergonha uma rapariga da sua classe casar com um mago com tendências para practicar a magia negra.

por isso, combinaram com os Di Euncatzio prometer desde cedo o irmão mais velho de Samiel com a pobre Eris.

Mesmo que ela não quisesse, o estrategma resultaria, pois nessa altura, a vontade política era mais forte que o Amor.

Assim, a infeliz casou-se através de uns vapores que lhe poseram "em nome da democracia" com o seu Anjo Sami, mas apenas na sua mente, pois agora era toda de Jamelino Beno Di Euncatzio.

Para desgosto dela própria, viu Samiel enraivecido a assistir à assinatura legal do casamento na sua própria Cyborg Town, contendo-se com as mãos retorcidas, com o ódio a gelar o seu coração.


«Louco, afasta-te ou o teu sangue será derramado!» Gritaram os homens da Família Di Euncatzio e os deuses apontando as suas armas contra ele.

Enquanto isso Eris derramava lágrimas e tremia por detrás do pálido e branco véu como um fantasma, meio louca com a droga que lhe tinham dado, quase que desmaiava lá mesmo naquele lugar.


Enlouquecido pela ira, agarrou-a pelo braço fortemente como bruta fera e atirou-a para o chão, desembainhou o florete, apenas provando a sua louca paixão pela deusa e afastando os clientes.

«Ingrata, amo-te apesar de toda a humilhação que me fazes passar, amo-te...Traíste-me, mulher infiel no sagrado templo do amor, no nosso templo do amor!»


Nessa hora de terror, a Eris, para se defender e não ser morta, lançou-lhe a famosa maldição que lhe transformou de anjo perfeito para malévolo anjo caído.

Eris tinha um cabelo ruivo cor-de-fogo e olhos-azuis lindíssimos, é por isso que eu sinto-me amedrontada só de pensar que eu poderia ser a reencarnação da Eris. Não sou parecida com ela?

Enfim, ela é considerada a mãe de todas as Bruxas e é muito comun ver no Dia das Magias Negras bonecos com a imagem de Eris nua com uma píton enrolada sobre o seu voluptuoso corpo a ser queimada para dar boa sorte. Esta é uma das muitas tradições estúpidas para mim. É um insulto a nós, Bruxas - que eramos queimadas durante o tempo da Inquisição...! (Ver imagem em cima)