sábado, 20 de outubro de 2007

Confiança numa Traça....

O Assassino do Amor era, tal como a maior parte dos leitores constatou, um ardiloso manipulador político no Palácio das Reuniões, de tal modo, que até tinha espiões a trabalhar para os seus espiões. Estes segundos mandariam a informação para os homens que trabalhavam no seu castelo, até estaser entregada a Jerininantus, o protegé e braço direito do Mestre Samiel.
Estou a falar-te dum verdadeiro terrorista em pleno Ano 9666 a.C, que tinha ouvidos e olhos por toda a parte!
Mas em tempos de desespero, ele era o único homem a ter os meios e homens disponíveis para salvar o dia.....

A Princesa Sarvahdinada Arco-íris, filha mais nova do fundador da Atlântida, o Imperador Neptuno, famosa já pela sua bondade e beleza, sonhou uma traça que lhe contara acerca duma sereia escrava de Eris perdida nas Florestas de Cristal. Porém, Neptuno intrepectou isso como se fosse exactamente o que Samiel lhe tinha dito na sua carta.
Por isso, este mandara dois enviados especiais para procurar as dríades.
Um deles era um deus egípcio guerreiro de olhos castanhos e uma pele morena e castanha-escura que faria lembrar um muçulmano. O nariz grande e curvo era o ponto mais bizarro no rosto quadrado, mas o seu sorriso agradável aparentava uma alma preocupada com os outros. As vestes castanhas e vermelhas que usava combinava com os invulgares chinelos escarlate frescos, e à medida que andava, apoiava-se sobre um bastão com uma cabeça de chacal.
Era Anúbis, o deus embalsamador e guardião das portas do Vale da Morte.
O outro ao seu lado era uma mulher particularmente bonita, com o cabelo negro cortado até ao pescoço, maquilhagem um pouco exagerada e uns belos lábios carnudos pintados de beje, com vários adornamentos no corpo quase nu tapado por uma túnica branca e transparente. Com ela, vinha uma pequena fada estrangeira, que trabalhava para ela. As mulheres não podiam vir sozinhas à rua, por isso, ou iam acompanhadas por uma escrava ou pelo marido, pai, irmão ou filho mais velho.
Néftis era o nome daquela deusa magrinha de um metro e setenta e oito, divorciada do malvado deus do caos Set e mãe de Anúbis, andava cautelosa entre as pernas de corça, a tremer dos pés à cabeça.
Como mãe, estava assustada pelo seu filho, e como mulher, tinha medo que caísse nas garras de outro homem perverso. Apertou-o firmemente nos seus braços carinhosos e conteve as lágrimas.
- As nossas princesas eram tão lindas, olha no que tornaram graças às dríades e aquelas fadas: não são as mesmas de outrora, vagueiam como almas penadas! Uma faz barulhos do Além, outra até parece um demónio! – Disse ela enquanto passeavam pelas Florestas de Cristal.
Anúbis, habituado às mais bizarras formas fantasmagóricas porque caçava muitas vezes pela Fronteira com o seu padrasto, Seth, não achou a floresta perigosa e, protegeu a sua mãe com o pesado machado longo, sorrindo afectuosamente.
- Minha mãe, e que tal se formos procurar o Mestre Samiel, aquele que rouba irmãs e netas às ninfas de noite? A mera insinuação do seu nome regela as suas mãozinhas de alabastro!
- O que fará ele por nós?! – Perguntou ela em tom ansioso. – Não é da nossa classe porque não sabe o místico segredo dos deuses e com aqueles olhos tão demoníacos...
Apesar de todos os avisos da mãe, o jovem deus de dezassete anos manteve-se calmo e distanciou-se do regaço sensual da deusa de trezentos anos.
- Ele é astuto e sabe fazer poções. Além de tudo, está sempre esfomeado por comer qualquer coisa. – Disse esperançosamente. – Querida mãe, por essa mesma razão, seja corajosa e prometa-lhe algumas das suas escravas. É um homem que se contenta com pouco: fantasmas japonesas, ondinas e sereias são geralmente as sua vítimas, nada vos acontecerá.
- Ele dorme durante um mês depois de ter executado a sua sede de sangue, pode estar a dormir neste preciso momento! Mas mesmo que esteja acordado, e se ele preferir matar as suas próprias escravas? – Respondeu ela rapidamente.
Néftis, que só tinha ouvido falar de Samiel pelos mexeriqueiros das fadas, estava, com toda a sua sinceridade, desconfiada.
Anúbis era um rapaz muito curioso, bravura e artes de guerra não lhe faltavam, muito menos à sua mãe. O problema é que, por vezes, a alma do homem é mais forte que o da mulher, assim, comprendendo a fragilidade de Néftis, este primeiro aconchegou-a junto ao seu tronco forte e másculo e respondeu tranquilo:
- Então, nesse caso, a mãe e eu juntos, guerreira dos desertos, podemos tentar fazê-lo chegar à razão.
Ambos se afastaram, depois daquela conversa positiva, e foram procurar o temível Assassino do Amor.

1 comentário:

Arthurius Maximus disse...

Um confronto se aproxima. Eles precisarão de todo apoio para enfrentar alguém tão poderoso, não acha?
Espero o desfecho.

Um abraço.