segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Especial Dezembro



Decidi fazer uma coisa especial para vocês que estavam com saudades da Jessica ^^;






Como sempre, tinha chegado à escola um pouco cedo demais - tudo porque não queria perder pitada do que as outras pessoas tinham para dizer sobre as férias de Natal...mas mesmo assim, cheguei ao bar do secundário e nada! Haviam algumas pessoas, mas ninguém do meu conhecimento, ou pelo menos que me interessasse. É sempre assim quando uma pessoa chega cedo às primeiras aulas do ano e damos com a gente ainda um pouco ensonada. Tinha trazido umas botas de camurça com as jeans que assentuavam a minha figura um pouco escanzelada e alta.




Ao acender o primeiro cigarro - é no que dá dar-se com bruxos que fumam, ganha-se o hábito num instante! - que trazia desde a Noite de ano novo, o maço fora uma prenda do meu avô, deixei que os meus lábios molhados pelo batôm vermelho experimentassem o sabor agridoce do tabaco. Faltavam quinze minutos para o toque de entrada, e ali estava eu, a experimentar o primeiro cigarro de um maço de tabacos oferecido por um homem que detesto! Estava a dar na rádio do bar uma música muito foleira, daquele tipo de música que só dava há séculos atrás. Eu sei, estou a exagerar. Até que o cigarro tinha um sabor nostálgico ao calor das casas londrinas.




Não sei lá muito bem se foi o facto do cigarro ser agradável à minha língua, se foi o fumo a sair-me das narinas que me encantou, mas havia algo de exótico que me punha a pensar no dia em que conheci o meu avô. Tinha sido uma sorte danada ele não ter ficado furioso comigo. Um bruxo da idade dele já não deveria ter paciência para uma rapariga como eu.


Imaginem, eu a dizer coisas como "vá-se lixar" ou a insinuar que gostava de lhe dar um pontapé nos tomates, ao Duque Adrian Demetrius von Tifon! Não admira que ele desse algumas ameaças subtis... Sabia lá que o Fixtanea era o meu querido avôzinho disfarçado!




Quer quissesse ou não, acabara por ficar sozinha, a beber o meu cafézinho, com o cigarro a deitar pequenas nuvens de fumo...uma coisa que detesto. Pensei se seria por causa da minha tatuagem da família Von Tifon. Caramba, eu não sou assim tão má. Liguei o leitor de mp3, enquanto inalava aquele aroma amargo que me trazia saudades de casa, de Inglaterra, e dos dias em que a neve não aparecia só no Norte. Perto da nossa escola, só se consegue ver as nuvens cinzentas, a terra molhada, mas não está suficientemente frio - ou seco - para que comece a nevar. É por essas e por outras que odeio o Sul da Bellanária. Dá vontade de uma pessoa enterrar a cabeça nos puffs do bar e adormecer para nunca mais acordar. Não, não estou deprimida.




Só estou um pouco aborrecida pela porcaria da minha família não ter tido coragem para dizerem que estavam a colaborar com um Nazi nojento, que ainda por cima, fez amor comigo! Agora estou sozinha, sem ninguém para me consolar das piores férias em toda a minha vida.
Mas enfim, a música sempre era engraçada, daquele tipo de músicas que se ouvia depois da guerra. Esqueci-me que tu nunca estiveste na Bellanária: Tumantravmtsuka - Canção (Lamento Falhado do Mar) . São lamentos irónicos escritos pelos soldados de descendência Japonesa, pequenos poemas recuperados no início dos Anos 80, que começaram a ser tocados numa forma melancólica, mas doce à maneira dos cabarets dos Anos 30. São muito giras, mas também um bocadinho macabras. Cantada ao ritmo de um acordeão e de outros instrumentos, a canção um pouco foleira, mas perfeitamente adequada ao meu estado de espírito, fazia com que eu imaginasse uma mulher de um vestido vermelho-escuro que lhe assentuava as curvas das ancas, tocadas por um perfume picante, enquanto o pó-de-arroz tentador e com sabor a arroz doce tinha sido polvilhado desde a cara macia e redonda até ao decote fogoso e que revelava uma certa graça impossível de se pronunciar. Que engraçado, na rádio estava a tocar uma música tipicamente "do Norte" enquanto lá fora, a paisagem dos ciprestes ainda verdes lembrava o infindável Outono do Sul.
Subitamente, vi Pedro a entrar pela porta do bar da escola. Esbocei um leve sorriso à medida que dava uma passa no cigarro de hortelã-pimenta. Bem, acho que ele ficou muito atrapalhado , ao ver-me com aquela comprida camisola de lã preta e branca com um decote fundo e os jeans justos que davam para ver quase todas as minhas pernas.
- Onde é que te meteste? - Foi a primeira coisa que lhe saiu da boca, assim como quem não quer a coisa.
- Pedro, não discutas. - Preguei-lhe um beijo apaixonado e molhado na boca, olhando-o com desejo.
Tal como a maior parte dos meus beijos, aquele deixou-o boquiaberto! Eu sei, eu beijo muito bem, e são poucos os que têm o privilégio de tocarem nestes lábios! Percorri, num acto carinhoso e meio na brincadeira, o pescoço dele com os dedos, enquanto o beijava, deixando o Pedro com uma erecção forte.
- Meu Cyborg adorável... - Sussurrei ao separar a minha boca da dele, os meus dentes afiados à mostra, dando-lhe uma dentadinha no lábio inferior.
Alguém chame os bombeiros, que este rapaz está a arder! Pensei, ao evitar uma risadinha provocadora. Será que estou a tornar-me um pouco como a minha mãe? Só espero que não! Nunca quis ser uma prostituta profissional, eu só sou uma bruxa que por acaso é neta de um dos bruxos mais mulherengos de toda a Bellanária! Já para não falar do meu antepassado Leberecht Hermann von Tifon...
Respirando bem fundo, o Pedro deitou vapor por tudo o que era metálico no seu corpo. Até parecia que eu nunca lhe tinha pregado um beijo na vida! Bom, um linguado como aquele também não se dá todos os dias.
- Ena! Andas a treinar com o teu avô, é? - Perguntou-me, num tom meio desconfiado, meio envergonhado. Isso por acaso é ironia? Ele estava a ser irónico comigo, com a Jessica von Tifon?
Aí é que me subiu a mostarda ao nariz! Olhei para ele, com os braços cruzados, e de imediato, afastei-me dos braços - ainda derretidos e aparvalhados - do Pedro.
- Não sejas parvo! - Suspirei, com um ar bastante zangado. - Eu tive tantas saudades tuas, ia lá trocar-te por um velho palerma que ainda por cima tem a pistola toda encarquilhada?
O Pedro desatou a rir às gargalhadas com aquela da pistola. Ao olhar para o fumo que flutuava do cigarro, ele encolheu os ombros.
- Apesar de tudo, continuas a mesma, Jequinha.
Que bom...o Pedro continua apaixonado por mim...! Tenho de confessar eu não sou lá muito de ficar emocionada quando recebo flores ou com filmes romântico, não, eu não sou dessas. Mas, quando ele me beijou no rosto, senti que ninguém me podia separar do Pedro. Ele é meu, e não há outra mulher que o deixe louco como eu o deixo! Estava praticamente nas nuvens naquele momento, ao segurar-lhe na cintura, enquanto o pateta do Pedro mimava-me com os beijinhos dele na orelha.
Embora estivesse frio lá fora, no bar, escutava-se uma moderna mistura de uma canção Tumantvratsuka com a música quente do sul. A letra era obviamente no dialecto do Norte da Bellanária.
O Pedro - que não percebe uma palavra de Japonês, quanto mais do sotaque do Norte Tienense, que é uma mistura de Japonês com Bellante Arcaico -perguntou-me se eu podia traduzir a letra.
Beijando-lhe no pescoço, eu sorri com um ar brincalhão.

A mulher da noite mordeu-me,

Com a sua pinça dourada, ela enfeitiçou-me!
A princesa transformou-se
Numa nuvem de ópio intoxicante ela evaporou-se...

Agora eu estou aqui, esquecido,

Pensei ter ouvido aquele sensual gemido,
Quatro copos de saké e uma garrafa de amido!

A minha vida está arruinada,

Quem se interessa se eu morro, às garras da minha amada,
No entanto as minhas mãos malditas,
Ainda conseguem enredar as sedosas fitas
Do cabelo dourado dela!

Agora eu estou aqui, oh pobre de mim,

Pensei ter ouvido a voz dela debaixo da cama de cetim,
Quatro copos de saké e um perfume de jasmim!

O resto da canção eu já não sabia lá muito bem, mas tenho a certeza que acabava com "quatro copos de saké" e mais não-sei-o-quê...olha, rimei! Não me perguntes em que é que estava a pensar o raio do homem quando escreveu isto! Enfim, lá consegui traduzir a letra...e se queres que te diga, eu estava assim um bocadinho com uma ressaca por que tinha bebido à surdina na noite anterior. Era por isso que estava a tomar o café. Para ficar mais sóbria!

Uma vez mais, beijei o Pedro, como se quisesse acender um foguete para uma festa!
- Não é linda a letra...?
- O que é que aquele cigarro tinha, Jessica? Isso era um charro? - Ele arqueou as sobrancelhas, muito espantado pela minha atitude atiradiça.
Soltei uma gargalhada excitada. Pronto, acho que o cigarro tinha mais alguma coisa do que hortelã-pimenta.
- Eu estou-me a cagar para a porcaria do cigarro!
- Estás completamente pedrada! - O Pedro olhou para mim, alarmado. - Acho que é melhor levar-te para a minha casa.

Aos poucos, estava a sentir-me um pouco tonta. Apoiei-me no braço – ou seria no topo, sei lá! – da cadeira, com a outra mão na cabeça, mas ainda com um sorriso apatetado no rosto. Estava a fazer o pior papelão que eu já alguma vez em toda a minha vida – isto, segundo o Pedro!

- Sim! Leva-me para o teu quarto! E eu não estou pedrada! Eu sei perfeitamente como estas merdas funcionam!

Mas o Pedro não me quis ouvir e pegou-me – o idiota! – ao colo, por muitos pontapés de corça que eu desse.

Cheirando o ar fresco de hortelã-pimenta que vinha do cigarro, ele abanou a cabeça, muito desapontado comigo.

- Bem me parecia que aquele hálito que tu tinhas não era do café!

Ao chegarmos à pastelaria onde o Pedro e o Tezcatlipoca vivem, ele deixou que eu tomasse um banho bem gelado no cubículo que era o único quarto de banho daquela espelunca.

Finalmente, acordei para a realidade. Sentia-me tão estúpida por ter acreditado que o meu avô me ia oferecer uns cigarros inofensivos! Regra número sessenta e cinco do meu guia para aprendizes de bruxas – nunca confiar nos membros da tua própria família!

Deixei que o Pedro me secasse o cabelo, ao chegar do duche. O meu cabelo estava bonito, estava! Parecia um monte de folhas vermelhas queimadas. Nunca gostei de desembaraçar o meu cabelo por ser muito encaracolado e oleoso. Mas, quando o meu namorado – sim, acho que posso chamá-lo assim – passou com a toalha por aquela cabeleira horrorosa, ele sorriu, com um ar protector.

- Olha se não fosse eu, ainda adormecias no bar!

- Não brinques...mas que burra que eu fui...! – Comentei, muito chateada comigo mesma, frustrada pelo facto de ter caido na armadilha do meu avô que nem uma patinha, como se fosse a Sara! Ou talvez ainda pior: como a minha mãe! – Devo ter fumado uns quantos charros daquela porcaria!

Tentando acalmar-me, o Pedro beijou os meus ombros molhados. Consegui sentir o amor que ele nutria por mim. Aquele rapaz é um anjo! Nunca tive um homem que se preocupasse assim tanto comigo.

- Não exageres, o meu tio viu que só tinhas experimentado um... – Ele disse com um pequeno e embaraçado sorriso. – Além disso aquilo era só hortelã-pimenta peperita, é a versão mais tóxica que existe na Bellanária. Mesmo assim não era ópio ou haxixe.

Cobri-me com a toalha, contente pelo facto de que ele fazia-me sentir uma mulher verdadeira.

- Estive a beber a noite toda, Pedro. Mas não me sinto bêbeda. Vejo as coisas claramente... Oh sim…Vejo-te com muita clareza! – Exclamei eu abraçada a ele, mas de repente, aquele maldito oficial nazi me veio à cabeça e larguei-me dele. – Cometi erros terríveis, Pedro!

Não consegui conter as lágrimas. Sentia-me imunda, embora tivesse tomado banho duas vezes naquela manhã.

- Terríveis! – Exclamei. Nessa altura, sentia-me um monstro por ter tentado brincar com os sentimentos do Pedro quando o conheci! As pessoas tinham razão: eu era uma bruxa, e não podia negar isso.

- Todos nós fazemos porcaria de vez em quando, Jequinha. – Disse ele a tentar beijar-me.

- Sim...e pagamos por essas merdas! – Comentei, cabisbaixa ao olhar para o meu pulso, a marca da minha família. – Porque raio é que eu tive de nascer com esta coisa pregada à minha pele?!

Mesmo assim, ele segurou-me nos braços dele. Que carinhoso...que doce que o Pedro é...e eu não mereço nada disso!

Com um beijo na minha mão, ele disse numa voz mais doce que o mel:

- A tua tatuagem é tão bonita, é o que faz de ti a Jessica que eu conheço...e amo!

Ao deitar-me na cama dele, deixei-me mergulhar nas almofadas comfortáveis e brancas, cobrindo o meu corpo branco de seda com elas. Porém, ainda se via um pouco das mamocas à mostra.

- Ai, Pedro! A princípio pensei que isto tudo era só um jogo. – Confessei-lhe, deixando evidente o desejo que sentia por ele, as partes do meu corpo molhadas e quentes. – Mas agora, o jogo está a tornar-se tão perigoso...posso queimar-me!

A minha voz estava melada e a suspirar. Tinha mesmo vontade de o fazer, e ia fazê-lo com amor!

Acenei com os dedos longos e compridos pintados com o verniz das unhas, ao que ele obedeceu prontamente como se fosse um cachorrinho. Uma vez mais, os meus dentes de vampira sobressairam-se, enquanto eu sorria com um ar devorador.

- Não tens medo de te queimar, meu amor?

Ele abanou a cabeça com um grande sorriso.

- É claro que não, Jessica! Já não sou nenhum bebé!

Eu sorri, satisfeita, enquanto que lhe arranhava ao de leve com as unhas de bruxa nas costas, como se massajasse o corpo dele.

- Ainda bem...porque eu não gosto de bebés!

Quase tão excitado como eu estava, ele tirou de imediato a roupa, enquanto procurava, distraidamente, qualquer coisa para tapar aquela coisa que estava com sede de entrar naquele sítio maravilhoso e felpudo entre as minhas pernas.



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