domingo, 27 de setembro de 2009

Na Terra dos Homens Brancos...



Para aonde a levariam…e a que senhores serviria?...

Era uma pequena senhorinha, criatura frágil das savanas, rios, nenúfares negros de castidade e pureza, os cabelos encaracolados em nós de marinheiro, quase que se levantavam, na sua curta cabeleira, embrenhada, e que o vento gélido, espicaçava, sobre uma terrível e violenta chuva. As mãozinhas, delicadas e trabalhosas como as abelhas, pareciam agora tão velhas quanto a pele, enfarruscada, de gato negro da sorte de Vovó Unathi, deusa experimentada, e que sabia tudo acerca do Mundo dos Espíritos. As suas sobrancelhas, castanhas, pareciam adivinhar mistério, para além das nuvens negras, lá no Norte! Que Terra tão estranha…! Os pensamentos da jovem pareciam voar pela tempestade, como se ela não os conseguisse apanhar. Estarei noutro mundo, ou será que os Antigos Deuses reservaram um destino diferente do que o das minhas infelizes irmãs, tios, irmãos e tias receberam, nas mãos dos Homens Brancos?...
Uma voz parecia dizer-lhe que não, que as coisas não seriam assim tão más, como ela julgava que seriam, e, por uns momentos, quando o coche branco parou em frente de uma enorme mansão, aquela vozinha, dentro de si, parecia gritar cada vez mais alto que as coisas não seriam assim tão más!...
O rosto, pequeno, parecia, assim não tanto marejado em lágrimas de sal, perdidas por entre orelhas pontiagudas e alturas estonteantes de um metro e cinquenta.



Era um palácio barroco, daqueles onde os senhores brancos viviam, todo ele opulência e majestade, coberto de cores douradas, como se fosse uma enorme gruta adornada em ouro e marfim branco, retirado dos gigantescos elefantes, espíritos antigos, que, naquela “cabana de chefes”, rectangular, com duas enormes campânulas, que se sobressaiam pelos seus tons prateados, como que as pinturas de guerra nos líderes dos exércitos dos seus antepassados, em tempos de guerra, contra os Homens Brancos.
Os lábios aveludados e sensuais, como que um grande xaile de cores de avelã, pareciam ficar pasmados, mas não tão espantados como quando ficariam quando um homem branco, com uma túnica esverdeada, segurada por uma cinta de púrpura, arroxeada, como os olhos rapinados de uma águia, brilhavam sobre as lindas nuvens de claridade que havia sobre o átrio de entrada, uma espécie de círculo, onde vários objectos e imóveis barrocos, de cores aclarados, eram cobertos ou pintados por tapetes coloridos e garbosos, brilhantes, reluzindo numa palete de várias cores quentes. No alto do enorme tecto pintado com azuis-claros e tons de pastel e bege, figuras cristãs, e asiáticas, e africanas, uniam-se, num só céu, de rara tolerância e amor.
Diante de Añuli, havia uma escadaria de cores de mármore, macia, com um piso escorregadio, que parecia ecoar os passos surdos de alguém importante, na sua brancura ocidental e magnífica. O lustro parecia que era o Sol daquele pequeno, mas enorme, universo, de quartos, escadas, salões imponentes, e colunas dóricas ricamente decoradas em talha dourada.
Andando de um lado para o outro, ela parecia maravilhada com todos aqueles objectos e preciosidades, riquezas que vinham, naturalmente, da sua própria terra, facto desconhecido para a nossa heroína. Havia um doce perfume a jasmim e a rosas, no entanto, não havia qualquer sinal de criados, entretidos, de um lado para o outro, como seria de esperar num lugar daqueles. Todo o átrio era um silêncio completo, como uma tumba qualquer, o que enervou um pouco a rapariga, apesar de ela ser corajosa; não! Tinha medo, e não o podia negar. Nem sequer apanhava um único som.

2 comentários:

Anónimo disse...

A historia ta fixe mas se fizeses uma historia mas divertida talves fo se melhor uma com anedotas ou isso..............

xd lol

bjs

Arthurius Maximus disse...

Intrigante e cheia de lances que prendem a atenção do leitor. Muito bom.