quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Um Plano Sinistro...

Na verdade, apenas Jerininantus, Nimtauk e Dirlent eram os únicos feiticeiros que estavam ali. Nimtauk, um gigante moreno de três metros de altura com a capacidade de se tomar a forma dum lince negro e assanhado das montanhas, era geralmente o carrasco de Samiel. As missões mais arriscadas e que requeriam mais músculos que inteligência, eram essas as que Nimtauk entrava em acção. Instrumento acéfalo nas mãos dum artista exímio, o gigante tinha sido em tempos um rufia viking. Por sua vez, Dirlent e Jerininantus eram “bruxos de confiança” do Assassino do Amor, que estavam ao seu serviço desde os anos de adolescência. Também eles sabiam que o Assassino do Amor não se revelaria “à toa”. A sua aparição, teria, obviamente, de ser discreta, para que assim as dríades ou outra fada não dispersasse por entre os bosques.
Mesmo assim, elas não ligaram às suas consciências, e continuaram a brincar nas margens daquele lago.
Entretanto, com cuidado, Néftis com a sua rede aproximou-se da clareira.
- Acho que isto não é correcto. – Comentou ela, sempre nervosa. – E se as Fadas e as Ninfas não tiveram nada a ver com a morte de Eris?
Uma nuvem aproximava-se pela força do vento, que cobriria a lua e as estrelas. Um pensamento macabro surgiu na mente frágil da destemida deusa «Se aquela nuvem for grande o suficiente, em breve estará escuro como o bréu...! Será impossível de ver as dríades!»
A nuvem poderia trazer uma vantagem a ela. As dríades não lutam, mas chamam a natureza para combater por elas. Além disso, o musgo apenas iluminava um pouco as árvores, não a floresta inteira.
«Se ao menos o Mestre Samiel estivesse cá....ele consegue ver no escuro melhor do que qualquer outra criatura das redondezas.» Pensou enquanto tentava não fazer um único som.
Subitamente, uma vozinha sibilante disse:
- Estavais à minha procura, querida senhora?
Era Samiel, transformado numa enorme píton de dez metros de comprimento, rastejando silenciosamente por entre as ervas, escolhendo o sítio exacto por onde passar sem se fazer notar.
Por mais incrível que podesse parecer, o feiticeiro já tinha rondado aquela zona da floresta durante algum tempo em plena luz do dia. Queria certificar-se do terreno em que estaria a pisar, e com uma inigualável mente de estratega, mandou terceiros para averiguarem cada folha, o vento, a temperatura, cada acontecimento ou evento que se passaria num só galho seria essencial para o desenrolar da “batalha”. Aliás, atento sempre ao mais infímo pormenor, decidiu pôr vigias em todos os cantos da Floresta de Cristal. Por seu lado, estes avisariam os homens do Castelo Negro, e que por sua vez, iriam transmitir a notícia ou a Jerininantus ou a Dirlent. De qualquer das maneiras, nenhum destes ousaria mentir ao Assassino do Amor. Com as grandes riquezas e magias que Samiel Di Euncätzio possuía, o simples acto de contar uma anedota dava para ter uma espada apontada directamente ao nosso pescoço numa questão de duas horas. Fazia ele muito bem rodear-se de informadores, e era por isso que todos o temiam. «O Assassino do Amor tem um pergaminho de cada vida atlante na palma da mão...» Na altura, era uma piada muito popular entre todas as classes, mas não era mentira que todos os que colaboravam com as suas actividades ou que seriam ou eram suas vítimas decerto tinham um lugar na biblioteca de moradas; pontos fracos; a que classe pertenciam; data de nascimento; vida pessoal; doenças; género sexual; ect...
O símbolo da comprida serpente magra cor de terra era adoptada nos tempos antigos como sinónimo de poder e astúcia, por essa razão o Mestre Samiel gostava tanto deste animalzinho, muito comum nos rochedos dos altos picos dos Alpes das Sereias, localizados no Nordeste da Atlântida.
A sua grande cabeça de réptil apontou para um pequeno pinhal à direita.
- Vou contornar o lago através daqueles pinheiros. – Sussurrou ele na orelha da mulher. – E descerei aquela colina verde com o solo a meu favor. Elas não se lançarão a mim às centenas, mas...
- Sei disso! – Interrompeu a mulher. – Aquele Anúbis é sempre o mesmo atrasado! Mas temos que fazer o melhor que for possível para encontrar essa sereia de que tanto o senhor fala. Quando aquela nuvem cobrir a lua, irei para o lago, pois elas estão reunidas numa espécie conselho-por-causa-da-princesa. Além disso, aqueles seus homens não estão ali para enfeitar, não é?
- Boa caçada. – Disse Samiel sinistramente e deslizou na direcção do pinhal.
Este era o menos vigiado de todos os grupos de árvores pelas dríades e a grande cobra deixou-se atrasar até conseguir encontrar uma maneira de trepar até às pedras preciosas que rodeavam os ramos dos pinheiro.

2 comentários:

Anónimo disse...

Simplesmente sensacional. Terá continuação????

Fico no aguardo da batalha que se anuncia...

Jotacarlos. disse...

É claro q vai ter continuação...

um abraço.