sexta-feira, 7 de março de 2014

Princesa Airina - ou a Princesa Canção Fulgurante de Jade


( Isto é um re-make de um velho conto meu... Coitadinha da Leella... Ser-se uma jovem Gemmyarkahni de vinte anos apaixonada por um Humano não deve ser fácil! ) 


Ajsaitrovina - Canção Fulgurante de Jade - é uma das princesas mais comoventes, dramáticas da história dos Gemmyarkan...! A sua história é cantada muitas vezes, celebrada na "Noite Triste", como alguns antigos Gemmyarkan chamam à Festa da Bandeiras Humanas...Até se diz nesta Tribo que ela é a vida passada de Arij-Çarvnatr, a escrava Humana que, seiscentos anos depois, tornou-se na Rainha da Ilha da Tartaruga Flutuante de Jade! 

A sua história mistura-se com a de outra mulher lendária na vasta mitologia Bellante: a Senhora Roshini, a Rainha das Kinnaree! 

Quando a jovem Fen Li e o seu irmão, Qing - pronuncia-se Zhing - apercebem-se que a Grande Ilha da Bellanária não é só um império habitado por Humanos, Rokurou Ishikawa tenta compreender as razões pelas quais os Gemmyarkan andam tão inquietos! Os Gemmyarkan são mais próximos da Natureza que os Humanos, sendo a "segunda raça" de criaturas inteligentes que os Deuses criaram no princípio dos tempos, de acordo com a mitologia Bellante.  

A jovem criada Gemmyarkahni, Leella, não parava de suspirar pelos cantos da casa do seu patrão, o experiente feiticeiro Humano...Mas, quando Rokurou Ishikawa lhe perguntava se a jovem criada andava a beber às escondidas, a jovem negava com a maior das friezas e seguranças! 
Limitava-se a sorrir, embora as orelhas encolhiam, murchando como se fossem duas flores azuladas. 

Mesmo sendo uma jovem orfã, Leella tinha o seu orgulho, e nunca deixaria que um homem Humano a apanhasse com a flecha da Senhora Bilafassabsnair a ferir-lhe o coração! 

Sentia-se por vezes comovida com a história dos dois cy-bata adolescentes: Fen-Li e de Qing respectivamente! E aquela pobre Gemmyarkahni vivia para adoçar com os seus cozinhados e as suas bebidas, a vida do seu querido mestre! 

Um certo dia, Shajaka, o líder de Gemmyarkan da povoação de Losjafhden e Wstcnak, o mais importante  comerciante Gemmyarkan do lugarejo, decidiram aparecer na entrada da moradia de Rokurou Ishikawa!

Era verdade que Leella não gostava lá muito de estar com outros Gemmyarkan, mas também não era adepta de ficar sozinha o dia inteiro na moradia, enquanto Fen Li e Qing iam cavalgar com o seu mestre! 

Por isso, tentara puxar uns cordelinhos com os "amiguinhos dos Framboeseiros" para arrastarem o Chefe da Aldeia de Losjafhden para a moradia...E lá conseguira! 

Suspirou um pouco, enquanto Qing colava as orelhas ao conto que Wstcnak lhe contava...A própria Leella achava que os Gemmyarkan tinham um dom para contar histórias reais de modo a que se parecessem tão fantásticas como as lendas da criação! 

- Deviéis escrever um livro... - Leella comentou, ao servir uma repetição de mousse de chocolate Gemmyarkahni com cerejas e pimenta ao guloso rapaz de catorze anos.

- Ah, eu não passo de um comerciante de licor de framboesa! Nenhum Gemmyarkan de um clã superior (nem mesmo o nosso Estimado Imperador) iria querer ler as narrativas das minhas viagens! 

Vestidos com retalhos e túnicas um tanto empoeiradas, as duas "importantes" personalidades de Losjafhden não esperavam receber a notícia de uma terrível represália aos Gemmyarkan do Sul por parte dos Humanos nos jornais...! 

Shajaka estava precisamente a discutir o assunto com Rokurou Ishikawa... 

-  Quer dizer, nós, que somos, geralmente, um povo pacífico, somos acusados de distúrbios na grande capital industrial de Cy-bata Teito, e eles começam logo a pensar que é o fim do sétimo mundo; o Assassino do Amor expulsa uma quantidade de Gemmyarkan que viviam nas terras dele. – Comentou o aborrecido Shajaka, mostrando o enorme jornal, no vozeirão de leão de quarentão que tinha, bebendo o resto do chá de jasmim. – Mas quanta é que eram estas pessoas? Seiscentos, duzentos? E nem uma palavrinha dele no jornal dos Humanos! 

O feiticeiro Humano acenou com a cabeça, enquanto bebia pacientemente a sua chávena de chá. 

- Não é assim tão injusto quanto parece...Os Humanos de Suryadevnahutbal estão assustados com o que aconteceu há coisa de quinze anos atrás, com os Gemmyarkan do D'Joll, do Jerininantus e do Nimtauk a matarem raparigas Humanas inocentes! Lembram-se o que aconteceu na Noite da Magia Negra?

- Isto agora vai cantar fino...Se a malta da Capital dos Deuses não se puser a toque de tambor de guerra, então o Rei da Tartaruga Flutuante de Jade irá conduzir um massacre em Suryadevnahutbal! O Senhor Nékok Ashatz é que nos passou a tortilha quente para as mãos! - Explicou Wstcnak ao comer o que restava da tarte que Leella fizera. - Os Humanos de Suryadevnahutbal, na Cidade dos Deuses, não resolveram o problema do Assassino do Amor, apenas varreram-no para o rodapé do tapete! Enfim, talvez a Princesa Ajsaitrovina consiga fazer alguma coisa...! 

- A Princesa Ajsaitrovina? - Rokurou Ishikawa arqueou as sobrancelhas, espantado. Embora tivesse passado muitos anos na companhia de Gemmyarkan do que a maior parte dos Humanos que tinham contactos na Capital do Império, ele nunca pensara que uma mulher pudesse ter uma voz na sociedade...Se bem que Swertyhina era a principal padroeira das Seis Tribos! 

- Aí está uma rapariguinha corajosa! - Wstcnak sorriu com os seus dentes e as suas presas compridas, ao refastelar-se, expelindo um pouco do fumo do cachimbo. - As raparigas podem tornar-se guerreiras na nossa Tribo, Ishikawa! De facto, não me admirava nada que aquela franguinha estivesse neste preciso momento a dirigir-se para a Cidade dos Humanos, para falar com o Imperador! 

- Nós temos os nossos próprios jogos diplomáticos, Ishikawa. - Comentou Shajaka, ao deixar que Leella lhe enchesse o cachimbo com o tabaco. - Mas aquela rapariga...Sua Alteza acredita mesmo que é descendente da Senhora Swertyhina! 

Leella suspirou: 

- Isso significa que a Princesa não passa de uma marioneta?! Para que serve ter todo o jade, milho, chocolate, e vestidos lindíssimos e coloridos se somos como se fôssemos um saca-rolhas para licor Frambinam do Papá! 

- Filha...Tu cala-te, sim? Tu cala-te, que não é toda a Gemmyarkahni que entra nas residências Imperiais de Sua Majestade, Senhor da Grande Ilha da Bellanária!

« Porque é que não te calas tu, seu comerciante de segunda?! » Leella riu-se com um ar embaraçado, enquanto tentava beber o seu chá.

Quase que se engasgava ao beber o chá, quando viu que Rokurou Ishikawa estava a sorrir para ela! Ele era tão maravilhosamente belo como um humano com cinquenta anos!

Rokurou Ishikawa suspirou com um ar optimista:

- Talvez fosse melhor eu escoltar essa jovem Princesa Gemmyarkahni, nunca sabe se ela pode ser apanhada por um dos carrascos do D'Joll...

- Não! - Leella soltou um grito irritado em Phetrkakaträlam, como se fosse o guincho de um macaco.










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