Comecemos então com a história da prole de Yekatoryaa, uma feiticeira da Tribo dos Onisamtzeka cujo verdadeiro nome o terror dos Gemmyarkan e dos Humanos acabou por lançar no esquecimento.
Esta é a bisneta de Saburou Di Euncätzio, trisneta do Senhor Di Euncätzio - cujo nome também foi esquecido - e uma das mais poderosas bruxas de toda a Bellanária!
Depois da Guerra de
Poriavostin, Saburou Di Euncätzio (ou pelo menos, essa é a versão oficial da
história nas crónicas e registos Humanos) fora incenerado pela mesma família
que o ajudara a conseguir o fogo sagrado para matar o seu meio-irmão adoptivo, há
duzentos anos antes do tempo em que se passa esta história… Em 1104, a morte de
um dos mais poderosos Onisamatzeka da história Bellante tinha sido confirmada.
Mas a sombra de Saburou estendera-se para o seu filho Osamu, e logo a seguir, a
sua neta Yekatoryā. Yekatoryā, cujo nome
verdadeiro em Bellante do Norte Arcaico foi há muito varrido dos livros dos
Humanos, disputava o território de Cy-bata Teito com o Rei dos Bruxos
D’Joll...Um Gemmyarkan da nossa tribo, mas maligno, insano de cobiça e gelado
no coração!
D’joll corrompido há
centenas e centenas de anos pelo desejo de poder ser o vice-rei de Cy-bata
Teito, um dos Gemmyarkan mais velhos que alguma vez viveram e pisaram nas
terras Imperiais da Bellanárias. Enok Di Euncätzio, o neto do Senhor Di
Euncätzio, designara o velho servo do seu tio Samiel Di Euncätzio, pensando
estar a fazer uma escolha ajuizada e justa. Infelizmente, o velho D’Joll já não
tinha nada da luz ou da sabedoria do nosso povo.
Ao ouvir os talentos da
filha do Senhor Osamu para a música, como qualquer criatura masculina da nossa
classe, D’Joll ficou a arder de curiosidade. Foi então, que depois de muitos
preparativos demorados e de vários presentes enviados através dos famosos e
luxuosos framboeseiros da nossa tribo, o Senhor Osamu e a sua senhora aceitaram
o convite de Sua Majestade para virem até ao castelo e entreterem-no com
música.
Pois se é verdade que nós, Gemmyarkan, somos um povo virado para a
poesia e para o Frambinam e para a joalharia, também é verdade que os
Onisamatzeka produzem desde os tempos do Senhor Yasunori I Di Euncätzio, uma
música incomparável! Mas Yekatorya, ainda na flor da idade de precisamente
quinze anos no ano “católico” e Maia de 1114, ficou escandalizada perante os
projectos dos pais e achou-os extravagantes. Casar-se com um homem da condição
– mesmo sendo uma criatura mágica de sangue – de Benyatzhan D’Joll era uma
ideia que fazia-a consciente da sua desonra como herdeira da maldição dos Di
Euncätzio.
Mas, quando a silhueta
dos cabelos fogosos, côr de vermelhão transpareceu sob o véu com cornos
dourados da jovem Neta de Saburou, no jantar humilde de quatrocentos e
cinquenta convidados, no Castelo Negro, no meio do açafrão e do incenso de
jasmim, D’Joll ficou incendiado por uma chama dentro do coração já de si
inflamável! Yekatoryā – ele chamou-a assim por lembrá-la a fénix com olhos
rasgados e negros que voava, com asas douradas de cisne, e que pensava-se ser
prima das Kinnara, mesmo nos Alpes das Sereias.